O vírus da reforma
PUBLICAÇÃO
sábado, 14 de março de 2020
Luiz Geraldo Mazza
É difícil refletir sobre qualquer atividade sem pensar na pandemia, razão pela qual o ministro Paulo Guedes se valendo do clima de mobilização tocou na imperiosidade das reformas. Embora temas paralelos, dá para perceber o universo abrangido pelas medidas profiláticas e preventivas como a de suspender competições esportivas, da Fórmula 1 a campeonatos de basquete e futebol, a festivais de teatro como o de Curitiba, quarentena de cidades na Itália, enfim, um obsessivo circuito. O humor da política, no entanto, parece não fazer mesuras a essas cautelas e o apelo à racionalidade conflita com esse estado de espírito.
Não parece que o meio empregado pelo ministro seja eficaz, mas de qualquer forma é um alerta para que tenhamos um amanhã melhor, passada a agonia do coronavírus. A fala do ministro pode ser também resposta, ainda que insuficiente, à declaração de Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, de que Paulo Guedes não mostrou até agora qualquer plano de ação imediata contra a crise.
Quadro Negro
Embora haja uma parte menor de relação com caixa dois, a Quadro Negro, por decisão de câmara criminal do TJ, migrou para a justiça eleitoral, empenho dos advogados de Beto Richa negado pelo Ministério Público. Essa orientação geral, lá atrás, do STF, foi mais uma das derrotas do ciclo punitivo e criticada pela não especialização do foro em matéria criminal. A carga de provas não é pequena e tanto que o ex-governador chegou a ser preso.
Mais casos
Já existem os casos autóctones, isso é, de contágio local de até 100%, do novo coronavírus e isso se deu em São Paulo com um casal de outra região sem ter viajado ou se encontrado com turistas de áreas de risco. Paraná tem 54 suspeitas em 11 cidades, no Brasil há confirmação de 77 casos, em São Paulo o governador anunciou mil novos leitos para possíveis internamentos. Houve o caso de Fábio Wajngarten, chefe da Comunicação presidencial, confirmado da infestação, já no exame a que se submeteu o presidente Bolsonaro deu negativo. Todos os que estiveram nos Estados Unidos, inclusive Ratinho Junior, fizeram os testes.
Governo no STF
Quando da irritação provocada pela derrubada do veto de Bolsonaro à ampliação do BFC, benefício assistencial a idosos carentes e deficientes, que eleva gastos em R$ 20 bi, houve o informe de que o Executivo poderia ir ao STF contra a medida, fundamentando-se na LFR, Lei de Responsabilidade Fiscal. Pode ser um aceno, mas travou negociações.
Desconvocou
Em pronunciamento nacional sobre o coronavírus, Bolsonaro desaconselhou a manifestação marcada para domingo e pregou sua suspensão. Curioso é que entendera que a pandemia era exagero da mídia, mas só se convenceu quando houve a hipótese de estar infectado como o seu secretário de Comunicação.
Folclore
Tão incomum a presença de mulheres no legislativo estadual que a primeira delas, a advogada Rosi Pinheiro Lima, foi lembrada para que dois parlamentares que se agrediam verbalmente se contivessem e agissem como cavalheiros em relação à parlamentar da UDN.