O homem do sim e do não
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 17 de março de 2020
Luiz Geraldo Mazza
O presidente foi à televisão formalmente para cancelar as manifestações em função da pandemia, mas na hora não resistiu e foi às ruas para solidarizar-se com seus seguidores e em aberto desapreço pelos protocolos sanitários cumprimentou e valeu-se de celulares para selfies, quando precisa fazer novos exames. Bolsonaro é a um só tempo o "sim" e o "não", espécie de bateria dialética, negação do método socrático, aquele que faz emergir a verdade dos conflitos na "maiêutica", a parturição mental entre coisas postas em confronto.
O instinto se sobrepondo à reflexão, a postura antiintelectual, a facilidade em negar a evidência que lembra o antípoda Lula a prever marolinha para a recessão que quase nos engoliu. Ideologia de impulsos que tem claque nas redes sociais com a pretensão de referendo e plebiscito como se estivesse dando interpretação à democracia direta, aquela que está na Carta de 1988 e mal foi regulamentada. Não se deve confundir ação direta com democracia direta.
Bloqueio
A pauta política fica suspensa, já que, em função do vírus, o legislativo estadual restringiu acesso às sessões. Como as plenárias foram mantidas mas suspensas sessões solenes, audiências públicas e eventos não diretamente ligados às atividades legisferantes, é preciso cuidado em evitar que isso sirva de pretexto para impedir o chamado processo contraditório na discussão de temas como o estatuto da Agepar e o caso do recadastro dos descontos em folha do funcionalismo.
Juros
O Banco Central faz amanhã e quarta-feira a segunda reunião do ano para a taxa Selic em função do impacto do coronavírus e de fatores cambiais como a alta do dólar. Comunicado do BC recente, ante as turbulências, adiantou que compararia efeitos da desaceleração da economia e deterioração de ativos financeiros sobre inflação antes de deliberar sobre a Selic, em 4,25% ao ano.
No radar dos técnicos os juros quase zerados nos EUA,
Espanto
Num só dia, semana passada houve aumento de 25% nas mortes pelo coronavírus na Itália, nada menos de 368 casos. O mundo sob o sonambulismo.
Folclore
Um espirro hoje parece mais inquietante do que bala perdida no teatro do absurdo que toma conta de tudo.