"Não gostaria que houvesse no Brasil o que acontece nos EUA". Bolsonaro se refere às manifestações que tomaram conta das cidades americanas e de outros países, como se viu ontem em Londres. Aqui isso não se dá porque a violência é tão banal que se incorporou aos nossos hábitos. Sabe-se por exemplo que 78% das vítimas de ações policiais são pretos ou pardos. Se a cada ato de violência reagíssemos como os americanos viveríamos em estado de permanente conflagração. Mas isso não se dá porque o racismo e a violência são banais, nutrientes de nosso cotidiano.

Dura rotina

O Brasil acabou se tornando num epicentro da pandemia: são 31.199 mortes e 555.383 casos confirmados (ontem um recorde 1.262 óbitos). O Paraná ultrapassou os 5 mil casos. Na capital a secretaria de Saúde anunciou o achatamento da curva (1.158 casos, 52 óbitos) e adoção da testagem massiva. De um modo geral a flexibilização acaba dando em rigor no distanciamento e isso alimenta o conflito entre economia e saúde. Perda de 5,5 mil postos de trabalho em Londrina é uma dessas referências.

Intimidação inútil

A fala de Donald Trump ameaçando botar o Exército nas ruas gerou efeito contrário com mais gente nas ações e em maior número de cidades e também do exterior (Londres entrou na onda) e persistiram os distúrbios, incêndios e saques de lojas. Só o estresse e a entropia seguram essa marcha ascendente para o caos.

Recados beligerantes

Depois dos recados de Bolsonaro às instituições e a resposta do ministro Celso de Mello tivemos sinais de paz: o TSE recusou acelerar processo de cassação da chapa vitoriosa no pleito e o presidente foi à posse do ministro Alexandre de Moraes na corte eleitoral.

Sinais

Em meio à tormenta alguns sinais positivos como o anúncio das Pernambucanas de lançar 25 a 30 lojas este ano entre outras evidências da retomada da economia, tudo bem traduzido no retorno da Bolsa ao nível anterior à pandemia (91 mil pontos, alta de 2,73%), maior patamar desde 10 de março, e o dólar despencando mais de 3%. Luz ainda bruxoleante no túnel. Há os que crescem na crise: o lucro da empresa de videoconferência Zoom cresceu 1.123% em meio à tormenta.

Centrão, mal e bem

Há muito na política brasileira se olha o centrão, que é visto hoje como fundamental por Bolsonaro que tanto o atacava como a expressão da fisiologia e não de um pragmatismo normal da atividade política. Delfim Netto aponta que o centrão de "velho e guloso" se fez virtuoso no papel de dar governabilidade a todas as democracias multipartidárias do mundo.

Folclore

Rafael Greca deu um puxão de orelha nos manifestantes que depredaram bens públicos e queimaram a bandeira nacional. E tem um atleta, lutador de UFC, Vanderlei Silva, ao seu lado na campanha contra esses desmandos.