No cravo e na ferradura
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 30 de março de 2023
Luiz Geraldo Mazza
A ata do Copom foi bem recebida pelo mercado, com reflexo na Bolsa e no câmbio, mas não abre mão da linha dura. Admite que uma regra fiscal "sólida e crível" pode amenizar a inflação, mas seu enunciado não tem relação direta com a queda de juros. Não vai ser fácil e isso também no próprio parlamento. Diplomaticamente, uma no cravo, outra na ferradura.
Sem planos
O Brasil carece de planos contra ataques nas escolas: houve 22 casos desde 2002, 9 nos últimos 8 meses e percebeu-se o desalento. Embora o Ministério da Educação afirme ter plano abrangente com estados e municípios, o temor é generalizado.
Isenção
Isenções tributárias para igrejas são uma linha comportamental comum, ainda que indesejável numa ordem leiga, mas tanto a Receita Federal como o TCU estão de olho nas concessões de Bolsonaro a pastores evangélicos.
330 anos da capital
Houve um tempo em que o interior se queixava de que a economia cafeeira levava ao aumento de investimentos, inclusive os imobiliários, na capital em detrimento daquilo que tinha origem, por exemplo, nas lavouras de café. Havia até um movimento pela criação do estado do Paranapanema, ao qual contrapunham, na anedota, ao resto o Paranapamonha. Visível a bronca durante as celebrações do centenário da província, em 1953. Agora nos 330 anos de Curitiba há a presença de empresa londrinense na pirâmide solar assentada sobre o aterro sanitário, como se já não tivéssemos na área imobiliária empresas como a Plaenge e tantas outras de expressão nacional.
Encostas
O DNIT se empenha na última fase de assentamento das telas protetoras nas agredidas encostas da BR-277, um dos tormentos da degradação da rede rodoviária.
Feirinhas
Iniciaram ontem as atividades das feirinhas de alimentos e artesanato nas praças Osório e Santos Andrade, no centro universitário, em Curitiba, relativas à Pascoa.
Concepções
Há uma ala do bolsonarismo que aposta em soluções liberais com base na desestatização e na privatização. O governador paulista Tarcísio de Freitas vai comandar um desses conflitos com o governo federal na privatização do porto de Santos, que Lula é contra. Para tanto convidou Júlio Castiglioni, que comandou a privatização do porto de Vitória, para presidir o Metrô. Como se vê, não faltam quadros na oposição, tanto conspiratórios como realizadores.
Desalento
Para desalento de Lula, persiste a queda de braços entre Câmara e Senado em referência ás comissões mistas que vão examinar as medidas provisórias. A carência doutrinal no caso é assustadora.
Ética
Os tempos são arrebatadores para discussões éticas desde o episódio da vereadora Noêmia Rocha, de Curitiba, de "rachadinha" investigado pelo Gaeco, tal como o do ministro Juscelino com diárias e ainda o copioso lance dos presentes da Arábia Saudita ao governo federal. Quem abre os processos federais é a Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da FOLHA