Luta permanente

Pretos e pardos já ocupam mais da metade (50,3%) das vagas na universidade pública, reflexo positivo do sistema de cotas. Esse é um avanço concreto, bem superior àquele simbólico que reclama na produção de filmes e novelas a inserção dessa comunidade discriminada. Claro que há um sentido de avanço mesmo virtual de um anúncio em que se abole aquilo que ainda é muito forte na vida real, como se vê por exemplo na representação política em que pardos e negros estão longe da sua expressão demográfica e também na estatística dos sentenciados e das vítimas de violência. Como 55,9% da população são apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos estaduais eleitos em 2018. Dos vereadores de 2016, 42,1% eram desse estrato.

Essa forma ascensional de melhorar os níveis de igualdade está no fundo das manifestações no Chile, uma das economias mais sólidas da América Latina, todavia marcada pelas tensões da carência de justiça distributiva. Essa questão se vê ameaçada com os avanços do liberalismo econômico e das reformas que comanda porque se fia, pragmaticamente, na geração de renda e não em sua distribuição. A discriminação positiva, herdada dos EEUU, na questão das vagas na educação, precisa ser levada a outras situações. No Brasil não apenas a escravatura marcou esse tema, mas também a demora de leis como a de Afonso Arinos, que sancionava a discriminação e que foi insuficiente para contê-la. Luta evolutiva e permanente, como se vê.

E o Iapar?

No Agrobit deste ano Londrina foi exaltada como ponto de alta tecnologia e ciência no agronegócio e fonte prodigiosa de inovações. É num ambiente desses que se deve pesar a questão do Iapar na solução proposta pelo governo no sentido de sua absorção em um novo modelo. A resistência se justifica, mas se torna indispensável que a argumentação oficial seja bem testada na perspectiva técnica e científica.

Não parar

A Lava Jato de todos os estados deve continuar em ação para neutralizar a campanha contra a sua luta diante da corrupção e a impunidade. Principalmente depois das publicações do The Intercept Brasil e da derrubada da prisão pós segunda instância deve continuar agindo e mostrando seus resultados como o acordo de leniência com a Andrade Gutierrez, que vai restituir mais de R$ 214 milhões aos cofres públicos. Ilícitos em obras do metrô em São Paulo, Prefeitura, CPTM, Dersa etc.

Uma das próximas análises será a do TRF4 a respeito do sítio de Atibaia.

Patrimonialismo

Há fatores no dia a dia que negam a vida republicana. O mais forte deles é o patrimonialismo que herdamos de Portugal e o sofisticamos. Pois agora o pessoal que decidiu ficar no PSL acusa o presidente Bolsonaro de criar o novo partido que nada tem de republicano e é apenas familiar e personalista.

CPI da frota

Enfim a CPI da JMK, aquela do atendimento à frota pública, deve apresentar seu documento final até o dia 26, mas seu presidente Soldado Fruet vê como indispensável sua prorrogação por temer que depois de tanto barulho, desde abril, termine em pizza. A tradição das CPIs no Paraná é de inocuidade, mesmo quando constituídas contra a vontade do governo.

Folclore

Um dos momentos mais ricos do nosso legislativo foi quando os oposicionistas Airton Cordeiro e Luis Alberto Martins de Oliveira exploraram o racha no governo José Richa em função de uma denúncia do secretário Belmiro Castor, do Planejamento, contra Erasmo Garanhão, da Fazenda, pelo pagamento indevido de comissão em empréstimo internacional. O embate transmitido pela televisão foi sucesso de audiência. Não era para menos, os envolvidos eram os maiores destaques da administração. Richa demitiu os dois e também sofreu pela decisão.