Loucura táctil
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 26 de janeiro de 2021
Luiz Geraldo Mazza
A atmosfera é de loucura: a falta de oxigênio nas unidades de saúde, em São Paulo fiscais interrompem festa de 800 pessoas, a guarda municipal interdita em São José dos PInhais uma de 400 pessoas, sugere-se que um restaurante no Bigorrilho, Curitiba, é palco de orgia sexual em indiscriminado suingue, no Rio bares e praias cheias sem máscaras. A pandemia derruba 62% nas passagens de ônibus.
No meio de tudo isso há sinais de racionalidade, como a queda de casos e mortes da Covid no Paraná, que integra, há dias, a relação das unidades com redução de ocorrências, a vacina chega em tempo recorde nas cidades paranaenses, no Brasil já temos 580.806 vacinados. Brasil supera 217 mil óbitos e caminha para chegar a 9 milhões de casos. Adequada ao cenário a queda do ônibus de turismo, que vinha do Pará a Camboriú, na BR-376, em Guaratuba, matando 19 pessoas e ferindo mais de 50. Sonâmbulos, caminhamos em areia movediça,
Personalismos
Não pega bem num momento de mobilização massiva essa emulação entre o governador de São Paulo e o presidente, alvo de avaliação do Datafolha: 46% consideram que a atuação do paulista foi melhor e 28% optaram por Bolsonaro. É a corrida para encarar a pandemia no âmbito político. O negacionismo do presidente favoreceu Doria na corrida pela vacina.
O auxílio
Cresce a pressão pela volta do auxílio, com a reação mais forte da pasta da Economia, e recente avaliação mostrou que entre as 500 cidades com melhor desempenho na geração de emprego de março a novembro de 2020 357 têm mais beneficiários do auxílio emergencial do que a média nacional. Nesses dias o país perdeu mais de 112 mil postos de trabalho, mas onde a cobertura ficou acima da média houve saldo positivo de 105 mil vagas.
OEA e o Paraná
Por duas vezes, em função de crises fundiárias, o setor de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) interveio no Paraná: a primeira sob Requião, em Campo Bonito, onde sem terras mataram três militares da P2 e a corporação prendeu e executou o líder Teixeirinha, cuja viúva e filho foram indenizados; a segunda em marcha dos sem-terra reprimida pela PM, no governo Lerner, com a morte de um lavrador por uma bala que ricocheteou no asfalto. No local da ocorrência a sinalização em gravura de Niemeyer.
Carreatas
Sábado houve carreata de progressistas e domingo de conservadores (MBL e Vem Pra Rua) contra Bolsonaro. Eles medem força no palmômetro desde 2013. A opinião pública está severamente fragmentada e nem o presidente sabe em que partido ingressar, o que pode ocorrer lá por março, apesar de não estar afastada a hipótese de copiar Trump, que pretende por fim ao dualismo americano com legenda nacional populista.
Folclore
Poucos falam com tanta propriedade sobre temas agrários como o latifundiário. Redundância não é exercício de lógica.

