Da emoção à comoção se chega à consciência, ensinava Chaplin em seus filmes. Foi um pouco disso que se viu na CPI da Covid-19, que deu rosto às suas vítimas. Frases fortes "escorre o sangue das 600 mil vítimas nas mãos de quem subestimou o vírus" marcaram o ritual nos últimos lances que precedem o relatório final, no qual há divergências em fechar consenso em torno do enquadramento jurídico-penal do presidente da República. Há questões técnicas e políticas em conflito, o que faz da decisão um exercício da democracia em seu melhor nível num momento em que ela se revela em aguda crise.

No front

Após 484 dias, Curitiba tem menos de 100 novos casos diários da Covid, casos novos e mortes caem pela quarta semana na capital, onde há 235 crianças órfãos. Há situações anômalas como a dos R$ 2,3 bi abandonados e que serviriam para comprar vacinas Sputnik e Covaxin, alvo de tanta confusão e sinais de corrupção. O cancelamento contratual deixa essa contradição exposta. O governo vem fornecendo a estados e municípios quatro tipos de vacinas: a fabricada pela AstraZeneca e pela Fiocruz; a Coronavac (parceria do Butantan com a chinesa Sinovac), a da Pfizer e da Janssen. O Brasil ultrapassou 100 milhões em esquema vacinal completo, em Curitiba

há 1 milhão, 485 mil, 905 imunizados. Apurou-se que o anticoagulante heparina reduz em 78% o risco de morrer por complicações da Covid se administrado em dose terapêutica assim que o paciente chega ao hospital com sinais de insuficiência respiratória em estudo no British Medical Journal. Ela é quatro vezes a do aconselhamento pela OMS.

Pegando pesado

É visível a displicência das pessoas nas aglomerações, com muita delas não usando a máscara nos estádios de futebol. Isso obriga a fiscalização a agir, como fez em Curitiba ao fechar 7 estabelecimentos e multá-los em
R$ 495,5 mil. O pior é que a determinação de uso de 100% das instalações de museus e teatros é regra comum no Rio e São Paulo, isso sem falar na obrigatoriedade das aulas presenciais em vários estados. Especialistas recomendam atividades ao ar livre, ventilação e uso de máscaras como precaução.

Absorventes

O veto à distribuição dos absorventes não pode ocultar o fato de que pelo menos sete estados e o Distrito Federal têm leis para a medida e não a colocam em prática. Eis os estados: Amazonas, Alagoas, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Rio de Janeiro e Roraima. No Rio Grande do Sul tramitam projetos no legislativo, e no Mato Grosso e Espirito Santo os governadores vetaram leis para combater a chamada pobreza menstrual. Quando prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad vetou a distribuição gratuita para mulheres de baixa renda em 2016 alegando que a medida era insuficiente para precaução de enfermidades, acarretaria despesas significativas e que não era possível no SUS.

Trabalho remoto

Falta de luz e internet impede que 7 milhões de brasileiros façam trabalho remoto, o que representa 17,8% da mão-de-obra em plena pandemia. Tal contingente é 7,8% da população ocupada em dados de 2019. Há, portanto, sete milhões de brazucas que poderiam operar virtualmente e não o fazem por deficiência de infraestrutura.

Feriadão

No feriadão deu para perceber que a recuperação de Camboriú está avançadíssima e que no caso paranaense o acesso ao Pontal do Paraná (PR-407) tem quase 40% da obra concluída. Outras iniciativas como o engordamento da praia de Matinhos assegura o clima de expectativas frutuosas na região, visível nos investimentos e negócios de um modo geral.

Folclore

Bruna Brelaz, presidente da UNE, ao defender aliança com ex-adversários à direita contra Jair Bolsonaro foi chamada de fascista e a levou a pleitear uma reflexão à esquerda para amainar a corrente do ódio. No PSDB esquentou o conflito com novas críticas do governador gaúcho, Eduardo Leite, contra João Doria, acusado de oportunista por ter lançado o BolsoDoria, o bolso na frente.