Gorja gorda
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 01 de julho de 2021
Luiz Geraldo Mazza
No meio do cruzamento de falas da CPI e das coisas ligadas à pandemia, uma referência incrível: a gorjeta de um dólar por vacina. Tal como no mensalão, e depois no petrolão, aparecem situações apropriadas ao "realismo fantástico", o que prova que o breque na Lava Jato foi feito para que esses fenômenos tivessem sobrevivência. Como em economia há pessoas que defendem um espaço para a inflação, desde que controlada, como se ela fosse um tempero necessário, assim os pragmáticos apoiam como indispensável uma relativa cota de corrupção no exercício da política. A demissão do diretor acusado da propina pela pasta da Saúde mostra apenas o governo reagindo a reboque das denúncias e não preventivamente. Afinal, o presidente afirmou que não é possível saber tudo o que ocorre nos ministérios. Não há imaginação possível para prever chunchos públicos. A de um dólar por vacina é exemplo.
Pedágio
Passou a vigorar a partir da zero hora a nova tarifa aplicável a uma das rodovias mais importantes do país, a Régis Bittencourt, BR-116, antes codificada como BR 2. É preciso lembrar que o governador Ratinho Junior comprometeu-se a seguir a resistência da frente parlamentar, o que foi ratificado pelos institucionais da causa. É quase certo que haverá base para conflito com a área técnica federal, o que não significa que a política não terá espaço para decidir a parada. O Paraná pagou um preço pesadíssimo por seu programa de integração pela cota (ah, como sempre essa inevitável) de corrupção, tantas vezes comprovada no desdobramento da Lava Jato e também do Gaeco.
Emprego
Chegamos no último mês do primeiro quadrimestre, em abril, a números espantosos do desemprego atingindo 14,8 milhões, porém indicando sinais de estabilização nessa chaga social. Isso foi apurado pela Pesquisa por Amostra Domiciliar do IBGE e se não há ainda motivos de celebração dá para lembrar que a previsão de um PIB de 5% respalda o trancamento de uma tendência que tinha tudo para continuar.
Dextra-sinistra
Um dos derradeiros livros de Norberto Bobbio chamava-se "Dextra-Sinistra" ou "Direita-Esquerda", polos extremos da política e da ideologia. Pois agora no Brasil e na área cultural direita e esquerda criticam o governo, que estimulava o bordão "a mamata acabou" contra projetos que pareciam favorecer mais a esquerda. É claro que se trata de uma direita sofisticada, e que não age por instinto, como se dá com a falange bolsonarista. e que resolveu atacar a gestão Mario Frias.
Folclore
De uma coisa estamos certos: se houvesse pena de morte no Brasil seria impensável fazê-la pela cadeira elétrica, tais seus custos e suas bandeiras que estão pintando agora. Um dos estágios da eletrocução se deu num pega entre a corrente contínua e a alterada por empresas que as representavam e o sentenciado foi a cobaia da experiência.

