O esforço para que as manifestações contra Bolsonaro se mostrassem superiores às favoráveis ao governo foi severamente prejudicado pelos atos de vandalismo. Pelo menos compensou a convicção de que se deve evitar de qualquer forma esse tipo de transbordamento, que mesmo praticado por minorias compromete a integridade da manifestação. Hoje a carga ideológica é forte, mas liberta da guerra fria que tudo açulava.

Essas manifestações têm histórico no Brasil e as que precipitaram o golpe militar de 1964 mostraram que nem sempre se tem na mão a situação. O governo janguista apostou no comício das reformas da Central do Brasil que reuniu massa de 600 mil e que visivelmente eram menores do que as da direita da época na Marcha com Deus e a Família pela Liberdade, estimuladas pela CIA, e valiam-se do desgaste do sistema em todas as grandes cidades. A presença dessa massa nas ruas foi tida como o sinal para o Exército intervir e que andava em ampla conspiração chefiada pelo Estado Maior comandado por Castelo Branco. E foi essa manifestação nas ruas que serviu para transformar golpe em revolução, a redentora.

A consciência dos erros agora praticados pode evitar que a diferença entre bolsonaristas e seus adversários esteja justamente na baderna de um tipo de ator que jamais despreza essa hipótese. Criar sistemas de controle nas lutas de rua é indispensável para evitar que o conjunto pague pelos abusos de minoria.

Aglomeração

A AIFU, órgão fiscalizador das regras sanitárias, em seis meses de atuação no Paraná, interditou 570 pontos e dispersou 27,6 mil pessoas, no Rio só numa das batidas recentes houve flagra de 5 mil indivíduos em festa clandestina. É a irracionalidade em ação e a repressão no caso é educativa, ainda mais com a constatação que no fervor do embalo se aglomeram sem máscaras, um ritual genocida.

Melhora lenta

Há melhora no quadro pandêmico com a redução de óbitos e casos e a visão disso pela primeira vez em quatro meses com a ocupação de leitos de UTIs em nível menor do que 90%. Nem tudo é sincrônico, pois em 837 municípios faltaram doses e a imunização foi suspensa. O país registrou 754 mortes entre domingo e segunda e mais 25.796 infecções detectadas em 24 horas. Em Curitiba houve 17 mortes e 745 casos com as UTIs ocupadas em 85%. Famílias se endividam nos hospitais e se obrigam a fazer vaquinha para pagar as contas.

Greve

O aumento ontem do diesel serviu para motivar os caminhoneiros que desejam precipitar a greve desejada pela minoria de autônomos. O governo tem mantido aproximação com a classe, daí o fato de haver contenção. Ademais o momento político com a CPI a todo vapor já é de natureza tormentosa e a prorrogação do auxílio emergencial por três meses e mais reforço no Bolsa Família para o fim do ano seguram as pontas.

Folclore

Relações no Paraná entre estados e municípios são cordiais e proveitosas e tanto que o governo estadual já transferiu às cidades R$ 5,3 bilhões e isso no primeiro semestre. Mas há gente do contra, sem o que faltaria tempero.

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