Acostumados estávamos com o predomínio da Globo nas comunicações e certamente nos ajustaremos a um novo ranking com as pesquisas que consagraram a CNN, tida como melhor do mundo. A Globo já vinha enfrentando dificuldades com o governo Bolsonaro, que a preteriu nos anúncios. Seus inimigos a tratavam como monopolista quando há equilíbrio em seus enunciados. Ao contrário da CNN, que é apenas de notícias, o forte da Globo, até em termos de exportação, é a área das telenovelas e das séries. O fato é que o seu jornalismo está abalado com a inserção da nova emissora, inclusive contratando alguns dos seus profissionais, dentre eles alguns dos quais com contratos rescindidos.

Como o governo vem prestigiando comercialmente os concorrentes da Globo na partilha desigual dos reclames, a Vênus Platinada não tem outra opção se não a de acautelar-se e guardar seu posicionamento. Não há espaço para soberba e não há alternativa que não a de ver os efeitos dessa situação a curto e médio prazos. Na pandemia ela mostrou a força do seu setor dramático ao dar relevo, em nome dos cuidados sanitários, ao corte das gravações e ao emprego sistemático da reapresentação de seus sucessos, prova da sua forte ligação com o público. Como se ficava de olho na Globo, agora quem será patrulhada será a CNN, que tem dado ampla cobertura ao governo, sem fazer bajulação, mas botando no ar o Bolsonaro a três por dois.

Brigas internas

Depois dos choques entre integrantes do governo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, temos agora a do ministro Paulo Guedes com o seu colega Rogério Marinho ( Desenvolvimento Regional) ao acusar a Febraban de fazer lobby com o gastador e "fura teto". A entidade de classe é acusada de financiar o ministro gastador. Até agora, além do choque de tendências, como a tida como a "ideológica" em entreveros supostos com a "militar".

O fato é que o presidente parece aí seguir o conselho de Ricardo Salles para deixar a boiada passar e deixa o fluxo dos atritos seguir o seu curso. A Febraban criticou formalmente o novo tributo, agora digitalizado, sobre transações financeiras. "Estamos em véspera de eleição e quero declarar o seguinte: esse imposto considera-se morto, extinto". As referências a Marinho não são feitas diretamente. Por sinal que na viagem ao Maranhão, o presidente fez elogios ao ministro do Desenvolvimento Regional que o acompanhava. No Maranhão Bolsonaro fez declarações consideradas homofóbicas pelas autoridades locais.

Desemprego

O registro de 14,4% da massa desempregada, recorde histórico do país, é o elemento mais forte da crise brasileira, embora os registros já por meses sucessivos, de discreta recuperação, indiquem uma tendência, sem no entanto compensar as perdas do pré-pandemia. Até agora não pintou algo de impacto para desanuviar o cenário e é de Paulo Guedes que se aguarda tal sinalização.