FMI dá uma ajuda

No esforço que a delegação brasileira ao Fórum de Davos faz para mostrar-se uma democracia estável e um mercado para investimentos houve um aliado inesperado que mostrou o país em franca recuperação, e isso num momento em que o cenário mundial é negativo, o FMI, tantas vezes por aqui alvo de ataques. Ao elevar, na segunda feira, para 2,2% a previsão do nosso crescimento, deu embalo à nossa presença, posto que as maiores restrições de investidores se referem às derrubadas e incêndios na Amazônia. Criando o Conselho que cuidará da questão em escala estratégica aparentemente blindou, ao menos em parte, o raciocínio dominante.

O clima de Davos está impregnado pela questão ecológica e tanto que abriu espaço para a estrela adolescente, Greta Thunberg, aquela que Bolsonaro chamou de pirralha. O homem forte da delegação nacional, Paulo Guedes, assumiu uma agenda política ao defender a recuperação econômica numa democracia estabilizada, acentuando que os investidores precisam ter clareza disso.

De um modo geral dá para perceber que o não comparecimento do presidente – e isso por tudo o que armou até aqui, inclusive atritos internacionais como os havidos com o presidente francês e as entidades europeias que financiavam a Amazônia - observou uma razão tática.

Mais carga

O empenho em degradar o sentido da Lava Jato ganhou impulso com a denúncia do Ministério Publico em Brasília contra o jornalista Glenn Greenwald e os hackers que captaram as falas de juiz e procuradores. Havia uma decisão do ministro Gilmar Mendes que impedia qualquer ação a respeito e que declarou que o procedimento é afronta à sua decisão. Manifestações a favor do jornalista vieram de todas as entidades de imprensa, mas também do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, e o ministro Marco Aurélio Mello.

O procurador Wellington Oliveira entendeu que houve conduta de participação auxiliar no delito no fato de Glenn haver orientado os hackers no ato de apagar as mensagens. Um dos aspectos mais estranhos é o fato de o jornalista estar sendo acusado sem sequer ter sido investigado. De qualquer jeito o fato aprofunda o processo de reversão do fluxo judicial, apesar da ofensiva punitiva com a denúncia no Rio contra o rei dos doleiros, Dário Messer, e mais o doleiro Antonio Cursini e advogados da terra como Figueiredo Basto e Luiz Gustavo Flores por evasão de divisas.

Pressão no pedágio

O governo Ratinho Junior está na ofensiva contra pedagiadas e isso é tanto verdadeiro que a Procuradoria Geral do Estado e o Departamento de Estradas de Rodagem entraram com uma representação contra a Econorte pleiteando o ressarcimento de R$ 4 bilhões da arrecadação na praça de Jacarezinho no TRF4 e que determinou, inclusive, a redução das tarifas desde a zero hora de ontem em 25,77%. Mais um efeito positivo da Lava Jato. Em Jataizinho a tarifa de R$ 22 cai para R$ 18,20, e em Sertaneja de R$ 18,90 para R$ 15,60. Na decisão há obrigação de as empresas Rio Tibagi e TPI Triunfo depositarem em juízo o percentual mínimo de 30% da receita mensal líquida obtida e ainda proibiu-as de distribuir lucros e dividendos a seus acionistas.

Gravidez precoce

A campanha sobre a gravidez precoce une os ministérios dos Direitos Humanos e o da Saúde. Damares insiste no alerta de pensar duas vezes antes de iniciar a vida sexual, padrão dos anos 40 do século passado, o que conflita com área técnica da pasta da saúde, que detém os números dramáticos das consequências sociais do problema. Haverá esse sentido religioso, o da castidade como virtude, mas também a conscientização sobre as consequências do início da sexualidade na adolescência e indicar métodos contraceptivos. No lado de Damares visa-se dizer que se o jovem não escolheu esperar, o ideal é que se previna.

Filas enormes

Tivemos agora a fila imensa do Sisu, que no primeiro dia registrou mais de 999 mil inscritos e temos a outra, a do INSS, que está com quase 2 milhões na espera, com gente esperando a resposta para seus requerimentos há mais de um ano. O primeiro caso foi resolvido com ampliação do prazo de inscrição e o segundo até agora não houve qualquer ato no sentido de reforçar o sistema de atendimento, calculando-se que para resolver o problema, mesmo com a convocação de substitutos, teremos mais de seis ou oito meses pela frente.

Folclore

O novo delegado da Receita em Paranaguá mal saiu do trem que o trouxe à cidade ganhou o apelido de "mão de gengibre" por causa dos sinais marcantes que tinha de reumatismo com as deformidades, verdadeiros pelotes. O jornalista Osvaldo Nascimento, que balançava ao andar, foi batizado como "garrafa n´água".