As medidas adotadas regionalmente contra a Covid-19 carecem de convicção e reafirmam a ausência de uma força coordenadora e isso porque conflitam com os números da pandemia. Reconhecer que o isolamento restritivo não deu a resposta desejada não basta, como também a observação do Ministério Público de que não há embasamento técnico na última decisão do governo que suspendeu as restrições apenas acentua a indefinição. Enquanto isso, há 1.751 casos confirmados, 52 mortos, que totalizam 46.601 casos e 1.581 mortos, regionalmente, enquanto nacionalmente temos quase dois milhões de casos, 1.966.748, e 75.366 óbitos. O fato é que a quarentena não funcionou e o empirismo das curvas estatísticas acoplado à falência e exaustão das UTIs (metade delas lotada na Grande Curitiba) e postos de saúde é que ditarão as futuras orientações.

O trato da questão, sua logística e eficiência, está sob prova permanente, e essa falta de autoridade (que sobra em tantas coisas menores) perturba e estimula o comportamento das pessoas, como se o pesadelo tivesse chegado ao fim. A circunstância de termos um ministro interino na Saúde é a evidência estrutural disso tudo.

Facebook

A convocação do Facebook para dar acesso da PF a dados de apuração sobre perfis ligados ao PSL e a gabinetes dos Bolsonaro, se consumada, pode fazer com que a investigação avance. O pleito é do ministro Alexandre de Moraes, do STF, empenhadíssimo nas fake news e também na pregação antidemocrática. Por mais que se discuta a legalidade da iniciativa, lá atrás, tomada em ato comum com o presidente Dias Toffoli, seus efeitos estão aí na perspectiva de termos um quadro bem dimensionado da deturpação flagrante da mídia social e de um ajuste entre suas práticas e descaminhos ao ordenamento jurídico e constitucional.

Auxílio

O auxílio emergencial concedido nas prestações de R$ 600 operou como um regulador de crise e tem tudo para consolidar um novo padrão em transferência mínima de renda. Seu fim, que está próximo, deve pressionar, segundo estudos do Ibre-FGV, a taxa de desemprego porque a perda de ocupação entre informais é o dobro da registrada em trabalhadores formais. Isso adia a busca por emprego, que há de vir em seguida. No trimestre encerrado em maio a taxa de desocupação estava em 12,9%, um pouco acima dos 11,6% de fevereiro. Muitas pessoas perderam suas ocupações, mas como não procuram novo emprego não são consideradas tecnicamente desempregadas. Esse mimetismo perturba as projeções da área, já que a maior parte delas do setor de serviços e comércio se dá em atividades que para serem viáveis dependem de aglomeração de pessoas, o que é imprudente ante a pandemia.

Saneamento

Vetos de Bolsonaro aos marcos do saneamento restabelecem nova crise com o Congresso com a quebra de acordo. O senador Tasso Jereissati considerou um tiro no pé parte dos vetos e alguns deles gerarão extensa judicialização.

Folclore

Mais de 80% dos lixões no Brasil se situam justamente em áreas de proteção ambiental e isso dá uma ideia dos problemas do saneamento básico que a nova lei tenta regular.