Não bastasse a questão do coronavírus, que fez a Bolsa cair em 7%, temos ainda a perturbação de traço político não abrandada com as explicações do presidente e da bancada bolsonarista. De repente acabam sugerindo que o manifesto de 15 de março será em defesa da vitalidade das instituições e da democracia, redundância de baixa convicção.

Justamente essa sequência de afirmações e negativas é que constrói e mantém a inquietude do panorama atual e que em nada colabora para aquilo que tanto se espera: a reação positiva do mercado, tantas vezes anunciada e transferida. Há uma hierarquia do pânico, e a de natureza política obviamente não é a maior e no caso específico de Londrina, como se não fosse suficiente a carga negativa, ela acaba de ingressar em situação epidêmica com a dengue. Dá a impressão que as patologias – a da dengue ainda olhada com displicência - deveriam sobrepor-se à ansiedade política, mas nem elas se mostram suficientes para unir as pessoas, ainda que fique bem claro que é bem melhor enfrentar problemas com a democracia.

Deslanche

Apesar do triunfalismo dos institucionais, como esse da indústria paranaense, as coisas por aqui andam meio paradas, sem que as medidas de economia se revelem eficazes, embora avanços no aperto fiscal e reforma da previdência. O recadastramento de sindicatos e associações para fins de desconto em folha é medida válida, posto que colocada sob suspeita para pressionar o funcionalismo, afinal parte da paranoia do momento. A APP se mantém em alerta nas questões trabalhistas dos seus associados na demanda por atrasados, vê com prioridade o acompanhamento da questão do cadastro (que já foi colocado sob ameaça para obrigar a entidade a fazer o serviço sem apoio estatal) e o pessoal das universidades, que se recusa a baixar seus custos, vai finalmente enfrentar o problema dos limites da autonomia alegada em razão da asfixia fiscal. Há aí o temor de que Ratinho Junior siga, e pior do que isso, decalque as soluções federais, inclusive na questão das listas para indicação de reitores. De qualquer modo isso é melhor do que ficar na dependência da questão da subordinação às normas fazendárias com resistência das universidades estaduais de maior porte.

Expectativa

Um dos argumentos das autoridades sanitárias relativamente ao comportamento do coronavírus num clima tropical é também uma expectativa de um impacto menor ainda mais no que resta de verão. O Brasil é o primeiro país da América Latina a ter um caso confirmado. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, apela para o bom senso e diz que é mais uma gripe e que a do vírus H1N1 era mais grave. No momento há no país 20 casos de suspeita de infecção: 11 em São Paulo e o restante na Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Rio e Santa Catarina, todos pacientes que vieram da Itália nos últimos dias.

Houve a referência ao clima que é tema ambíguo no governo, face a não aceitação de seus protocolos de preservação, notadamente na área do Meio Ambiente, e a visão que guarda dos desmatamentos e incêndios na Amazônia.

Moderação

Tanto Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, como Davi Alcolumbre, presidente do Senado, pediram aos parlamentares que telefonaram que mantivessem cautela antes de partir para o enfrentamento com Jair Bolsonaro.