Estamos cansados de esperar da parte de Paulo Guedes o anúncio do milagre e ele o fez na entrevista à CNN ao referir-se a quatro privatizações em 90 dias. Afinal, o que crescem no país são a pandemia e a recessão, ambas fortemente instaladas, e no Paraná no aberto conflito entre prefeitos e o governo estadual com respeito à quarentena. Não indicou que privatizações seriam essas, como se o tema não gerasse conflito. E citou a reforma da Previdência como um feito do governo quando se deve tal evento às ações do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia.

Vender patrimônio público em momento adverso não parece uma saída saudável, mesmo que a simples enunciação da medida aparente um tom revolucionário, uma ruptura conceitual da maior grandeza. Isso faz lembrar o esforço de Jaime Lerner para vender a Copel e que começou com a derrubada da lei de iniciativa popular que a proibia. Foi um enorme desgaste político e estava tudo certo para a alienação quando tivemos o ataque às torres geminadas acoplado a um apagão interno que afastou interessados.

A inexistência hoje de um horizonte sombrio não é garantia de sucesso, sem falar na guerra que virá com a revelação das privatizáveis.

544% de crescimento

Não é escassa a razão do governante diante do crescimento de casos da Covid-19 de 544% na Grande Curitiba. E isso é tão verdadeiro que os prefeitos metropolitanos se alinharam à decisão do governador ante o impacto do que estão sofrendo. Já em outras macrorregiões o acerto é impossível ante a resistência férrea de Londrina, Cascavel, Toledo com o empresariado fazendo carreatas de protesto, enquanto o TJ não decide as demandas que lhe foram dirigidas sobre a extensão dos limites da quarentena decretados. O lockdown parcial instituído mostra que números de órgãos estaduais e municipais sobre incidências de casos e de mortes nada têm de sincrônicos e essa falta de consenso dificulta a decisão do TJ no mandado de segurança da sociedade civil e parlamentares contra o decreto do governo. Alta de 781 óbitos levou o secretário Beto Preto a incluir Paranaguá na lista da quarentena.

Aras e a Lava Jato

Augusto Aras insiste na criação da Unac, Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado, em lugar de forças-tarefa como as da Lava Jato com as quais conflita desde a ida da subprocuradora Lindora Araújo a Curitiba para obter dados das investigações, o que foi levado à apreciação da Corregedoria. O fluxo punitivo entrou em queda desde a publicação do entendimento entre o juiz Sergio Moro e os procuradores revelados pelo Intercept Brasil e exagerados pela gama de interessados na desfiguração das investigações, dentre os quais os difusos da classe política. A Lava Jato tem dado sinal de sua existência em casos como os que comprometem os presidentes da Câmara Federal e do Senado e mais recentemente de São Paulo enquadrando o senador José Serra e sua filha Verônica em lavagem de dinheiro operada no exterior.

Folclore

Tiago Amaral deixou a vice-liderança de Ratinho Junior por ser contra a quarentena e sua apropriação política e é candidato virtual a prefeito.