Conflitos atuais entre o poder central e os estados membros aparentam esgarçar o tecido federativo, mas como se dão em contexto intensivo podem gerar, lá na frente, as melhores condições para restabelecê-lo. Uma espécie de jogo da verdade na videoconferência entre Bolsonaro e os governadores se processou e houve uma definição de campos, a maioria dos governadores pelo isolamento social e a presidência na tese do tratamento horizontal com a seleção dos grupos de risco, tese discutível, pois nos EUA mais de 40% das vítimas despontam na faixa etária entre 14 e 40 anos.

Não há condições para restabelecer o que houve no passado com a política descentralizada dos governadores por ser imperiosa uma busca unitária de caminhos e ela virá, forçosa, em função das dimensões do desafio.

Progressão

Em uma semana no Paraná houve um salto de 600% nos casos da Covid-19 confirmados de 14 para 97, e os suspeitos, que antes eram 67, agora são 3.538, e algumas respostas se esvaem como a da vacina contra a gripe comum, que se esgotou rapidamente. E no meio da confusão uma intervenção positiva do legislativo, por seu presidente Ademar Traiano, transferindo do Fundo de Modernização da Casa R$ 37,7 milhões para o combate ao coronavírus e deve-se ressaltar a postura tanto do governador Ratinho Junior quanto do prefeito Belinati seguindo as recomendações da OMS pelo distanciamento social.

Fantasmas

A paranoia política se inflama: da intervenção de Eduardo Bolsonaro culpando a China pela pandemia, que gerou crise diplomática, chegamos agora à denúncia de Rodrigo Maia no sentido de que a quarentena sofre pressão do mercado, puxão de orelha no deus da moda liberal como sadomasoquista. Para o chefe do Banco do Brasil, Rubens Novaes, a vida não tem valor infinito e o vírus tem que ser balanceado com atividade econômica. O Titanic ainda não bateu no iceberg e há tempo para reflexões filosóficas entre metafísicos e pragmáticos. O estresse tira a calma dos debatedores.

Cuca inquieta

Em New York convocaram 6 mil profissionais de saúde mental que vão atender de graça, via internet, os problemas de ansiedade. No Brasil isso é feito em escala bem menor. Casos de pânico, drama de toxicômanos e alcoólicos longe das terapias de grupo se alinham entre os mais agudos como a perspectiva de suicídio .

Isolamento

No confronto com governadores – o maior deles com Doria de São Paulo - o presidente se isola cada vez mais, conquanto aumente a arregimentação do grupamento ideológico que lhe dá permanente cobertura. De outro lado o centro, pelo menos no momento, tende a se chegar à esquerda.

Folclore

Rafael Rezende, deputado federal, era tido como mão fechada e inventaram anedota em que a empregada anuncia um pedido de esmola e ele, que está no banho, responde que a grana pode ser posta em baixo da porta, o que agradece, penhorado.