Há um pouco daquilo que Nelson Rodrigues chamava de "óbvio ululante" nas interpretações estatísticas da pandemia e do mercado, como a de que o pobre paga mais pela inflação que o rico ou a constatação de que as disparidades regionais agravam a mortalidade. É a força da desigualdade, tão presente nas avaliações. Essas disparidades se referem aos recursos disponíveis. Um estudo recém-publicado mostra que entre internados na UTI a mortalidade geral no Brasil foi de 55%, enquanto Norte e Nordeste registraram 79% e 66%, respectivamente. É da mesma linha de raciocínio o informe de que 2021 implicará em forte concentração de renda e pobreza, dobradinha bem brasileira.

Fura fila

Além da permeabilidade da corrupção no andamento da crise, temos ainda a marca da malandragem como episódios de fura-fila em Manaus, que levou à suspensão das imunizações programadas, e também no Recife. Pelo jeito, em vez de agregar, a crise acentua o traço de mau caráter. Acrescente-se aí a baixa disponibilidade do produto. Notícia boa foi a de que a remessa da Índia está para chegar e as perspectivas de negociação com a China clarearam.

Hospital Universitário de Londrina recebeu 1.600 doses, 500 a menos do necessário. Na capital, 807 doses da Coronavac chegaram ao pessoal da linha de frente. No Brasil houve 1.382 óbitos entre terça e quarta, 19 em Curitiba, cinco em Londrina e chegamos no país a 8,7 milhões de casos, com 64.126 infecções em 24 horas.

Chuvas

Enfrentamos situação crítica em deslizamentos e inundações com as chuvas, apesar de a de Santa Catarina estar pior, com os rios transbordando. Defesa civil mobilizada em várias partes do país.

No STF

O voto presencial colocado por Rodrigo Maia na eleição da Câmara Federal, contestado pelos adversários, vai à decisão do STF. O presidente da Câmara aposta em consequências desse tipo de votação e o outro lado entende que já ganhou e que isso é pretexto. Uma decisão que deveria ser da própria Câmara em votação virtual.

Reação

Subprocuradores, em postura aberta contra Augusto Aras, afirmam que investigar Bolsonaro é função da Procuradoria-Geral da República e não do parlamento. De outro lado contestaram a fala do presidente sobre as Forças Armadas em afronta ao texto constitucional. País aberto é isso, mais oxigênio nas instituições, ainda mais quando intoxicadas.

Negociação

Um dos fatores que mais quebram lojistas é o aluguel, e por isso muitos deles em shoppings estão em ampla renegociação do índice de reajuste das locações.

Axioma

Copom manteve a taxa de juros em 2% ao ano, mas decidiu abandonar o compromisso de não fazê-lo nas próximas reuniões. Mercado prevê alta ainda no primeiro semestre.