Uma sociedade complexa como a brasileira se obriga a manter regularmente seu censo. Não pudemos fazê-lo em tempo adequado por falta de recursos. Nada impede a qualidade das previsões de órgãos como o IBGE que admitiu para o país, sem mexer nos dados da pandemia, uma população de 213,3 milhões e o Paraná com 11,59 milhões. É possível, em cima das previsões, captar fenômenos como o das migrações internas. No Paraná, por exemplo, houve perda de população em 45% dos municípios, o que alerta para a reflexão cautelosa em cima dessa mobilidade e seus efeitos econômicos e sociais É nessa hora que se capta o parcialismo, ditado por motivações políticas, na criação de municípios e também da influência de estágios econômicos (mudança de culturas) na evasão.

O Brasil detém um aparato respeitável de estudos demográficos, como é exemplo a Pesquisa Domiciliar que faz o monitoramento no nível familiar com suas especificidades, como bens de consumo e daí o desvelamento de suas deficiências acentuadas pelos níveis de desigualdade social. No Paraná, já houve época em que esse acompanhamento era sistemático, do qual sobrou o Ipardes que cuida desse monitoramento e é ainda nossa fonte de referência.

E a Covid?

Houve estranheza no fato de a projeção do IBGE não levar em conta o efeito da pandemia nos números. Embora tenhamos atingido perto de 580 mil mortos em mais de 20 milhões de casos, o que fornece elementos para medir a patogenia, observamos um movimento de gangorra principalmente, com o aumento das vacinações e a consequente queda móvel de óbitos e incidências. Entre quarta e quinta-feira houve 875 óbitos e 30.288 registros de infecções em 24 horas. A Fiocruz alertava que a Síndrome Respiratória Aguda Grave estava em alta e nessa questão houve referência específica ao Paraná, onde se apurou uma das mais elevadas taxas de transmissão do Brasil. Tivemos 37 mil mortes a indicar que havia morrido um paranaense da Covid a cada vinte minutos.

Nada no dia 7

Cada um assume a sua cota de responsabilidade cívica nessa questão do 7 de Setembro. Uma das apreciáveis foi a do governador de São Paulo reservar a Avenida Paulista para os bolsonaristas que saíram na frente nas solicitações. É claro que a oposição vai querer reivindicar o espaço para sua manifestação. Já o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, acha que há muita espuma no campo das especulações e que para ele não haverá nada de perturbador. Movimentos que se ligam ao bolsonarismo dão instruções claras para que se minimizem ataques ao Judiciário e se mantenha em destaque o culto à democracia.

PF, alvo de investigação

Aquele inquérito das acusações de Sergio Moro sobre a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal voltou a andar em julho por determinação do relator, ministro Alexandre de Moraes, do STF. O delegado Felipe Leal, que cuida do caso, decidiu investigar atos do atual diretor geral, Paulo Gustavo Maiurino, entre os quais o da troca de chefia no Amazonas de um delegado que tocou operação de madeira clandestina e acobertada pelo ministro do Meio Ambiente de então, Ricardo Salles.

Pontal

Com a existência do Centro de Estudos do Mar, criado pelo mestre Metry Bacila, em Pontal do Paraná, deu-se uma dimensão mais científica a ocorrências incomuns como as 13 baleias jubarte encalhadas na região e casos mais recentes como o da tartaruga gigante que carecia de cuidados e de gigantes marinhos, bem como de pinguins. Além dessa assistência há também intervenções para adensamento de cardumes em pontos artificiais.

Folclore

A CPI da Covid está mostrando essa espécie de teatro do absurdo que é o ambiente ministerial no Brasil. Se tudo se der como na pasta da Saúde, será o caos. Tem ocorrências inacreditáveis como a da compra de vacina na Índia com prejuízo de US$ 500 milhões que o Itamaraty negociou com governo local a 10% do valor pago pela Fiocruz. Outra síntese é a de mediadores sem cargo tentando faturar em dólar e por dose. Aí é que se aplica bem o sentido da palavra "é dose".

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