No mesmo dia o Paraná submetido a choques: o permanente da Covid-19 impondo a necessidade de um zoneamento para impor a quarentena mais radical, e um assustador e transitório ciclone que atingiu com mais força gaúchos e catarinenses. Temos sido alvos de tantos acidentes naturais que a Defesa Civil de órgão provisório se fez permanente.

Vimos, então, o Paraná diante do mapa em decisões típicas de guerra ao designar as sete regiões submetidas a uma preliminar de lockdown, dentre elas os dois maiores polos urbanos de Curitiba e Londrina. O alarme foi a confirmação em um dia de 1.536 casos da doença, e no registro de 36 mortes. Alcançamos 22.623 casos e 636 mortes. Segue-se agora a novela da reação empresarial, já esboçada em Cascavel e Londrina, onde houve a mais contundente das críticas: "o Estado teve mais de cem dias para aparelhar a questão da saúde e agora toma uma decisão dessas". O presidente da Acil, Fernando Moraes, não deixa por menos e dramatiza: "O decreto será a pá de cal!". Vai haver conflitos também entre prefeituras e o governo estadual quanto à extensão dos limites fixados. Vamos mal de saúde e isso nos seus fundamentos como se dá com os 217 mil casos de dengue no ano epidemiológico.

Abriu, dançou

Ao menor sinal de abrandamento das medidas, capta-se da parte do povo a queda nas taxas de isolamento na casa dos 36%, insuficientes para uma boa resposta, já que o ideal, segundo os estrategistas, seria que ficasse entre 50 e 55% com o indicador de transmissão abaixo de 1, quando hoje se alinha em torno de 1,37. Não é um lockdow a suspensão de atividades não essenciais por 14 dias, mas gera conflitos inevitáveis. Até aqui, segundo a secretaria de Saúde, o Paraná seria o estado com menor número de infectados por 100 mil habitantes. Ratinho Junior acentuou que saímos de 1.200 leitos em 30 anos e entregamos quase 800 leitos em poucos meses para mostrar o tamanho da resposta. Depois da quarentena, segue-se a distensão e daí a sequência de casos e mortes, ciclo trágico que se repete no mundo.

Boicote

Maiores marcas do mundo (dentre elas Unilever, Adidas e Ford) suspenderão publicidade em mídia social, especialmente Facebook, por causa das hostilidades. Aqui o Tribunal de Contas da União agiu contra o uso na propaganda oficial. Senado aprovou texto-base da lei das fake news, que deve ser emendado outra vez na Câmara.

Racha

Tenso o clima na Procuradoria da República na resistência das forças-tarefa a um órgão central proposto por Augusto Aras. O fermento da democracia vale no corporativismo. E na área temos a possível devolução no STF à primeira instância o caso de Flávio Bolsonaro das "rachadinhas".

Folclore

Um estudo mostraria que sempre que Bolsonaro minimizou a Covid-19 a taxa de isolamento caiu, e isso pode ser relativizado, já que a compulsão do povo opera como uma libertação a cada sinal de afrouxamento, como se verá aqui dentro de 14 dias.