No momento em que a sociedade paranaense pranteia a morte do ex-governador Jaime Lerner, dá para lembrar de um fato menor, mas vivo, das suas intervenções urbanísticas quando na arrancada criou o calçadão, motivo de forte polêmica pelo costume dos lojistas de atenderem seus clientes dos carros que atravessavam a rua XV. A Folha, um andar acima da Confeitaria Iguaçu, no Edifício Artur Hauer, na Praça Osório, era vizinha dos escritórios do arquiteto e de outros e também, no último andar, de Haroldo Leon Peres, então governador. Fizemos até uma reportagem em cima da contingência.

Na ocasião em defesa do calçadão e das ações do trânsito a ela vinculados, fiz uma coluna inteira sobre o tema a favor das intervenções de Lerner e de seu colega do Trânsito, Marcos Prado. A coluna foi reproduzida na primeira página de todos os jornais da capital e de alguns do interior como peça institucional, pois não havia sido destravada a campanha publicitária sobre a primeira grande intervenção urbanística.

Tivemos um convívio de críticas também que foram assimiladas com naturalidade e destacamos o fato de Lerner, em determinado momento, sair em defesa da secretária Zélia Passos, visada pela área militar, esposa que era do militante petista Edésio Passos.

Antes disso, na condição de presidente do IPPUC, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, que apelidamos de "Sorbonne do Juvevê" por seu porte multidisciplinar acadêmico e profissional, Jaime Lerner comandou a equipe que montou os projetos da cidade em todas as áreas e que se transformariam em realidade quando assumiu a prefeitura e os adotou para surpreender o Brasil e o mundo. Acompanhamos, mais tarde, como governador, por duas vezes, em que reduziu a dependência econômica para São Paulo com a chegada das montadoras, duas das quais já vinham de ciclo anterior com a Volvo e a de máquina agrícola que evidenciavam a vitalidade de outra criação lerneriana, a Cidade Industrial. A superação parcial, mas significativa da nossa economia como de complementaridade à paulista, foi um dos ganhos que hoje desfrutamos e devemos ao grande paranaense que nos deixou.

Baladas

Ratinho Junior está certo quando atribui às baladas um dos elementos de sustentação da pandemia. Há algo mais geral nesse comportamento no baixo índice de distanciamento, que já chegou a 72%. No papo de ontem (27) na CPI, Dimas Covas, do Butantan, adiantou que a vacinação de apoio se dará como rotina nos próximos anos.

Ajuda

A prefeitura da capital deu R$ 288 milhões às empresas de ônibus para compensar perdas com a pandemia, mas outros segmentos alegam falta dessa proteção e tanto que com o "lockdown" a Abrabar prevê uma tragédia na quebradeira. Há escassas alternativas para reduzir a pressão sobre o sistema de saúde e Curitiba com 983 casos, 23 mortes, sem leitos do SUS, o Paraná com mais 113 mortes e ao lado disso o fechamento de uma empresa a cada sete minutos.

Folclore

Quando o Papa fez graça com o Brasil por ser de "mais cachaça e menos oração", prevaleceu o argentino. Agora só falta o repique brasileiro nominando uma pinga de "oração".