A transformação do Setor Histórico de Curitiba nesses dias de carnaval em histérico na prática generalizada de vandalismo mostra que basta uma pessoa dar o tom da violência que tudo pega mais fácil que coronavírus. Daí a necessidade de haver nas manifestações de grupo um mínimo de autocontrole. Lembro da passagem de Eldorado de Carajás do ato de um sem terra contendo a mão armada de um companheiro no embate que iria haver com a polícia: do recuo contra pedradas, acuada, quando ela voltou veio com tudo na histeria da violência, como se houvesse passado por uma humilhação ao tentar abrigar-se.

Nas manifestações de 2013 houve essa cautela e a intenção de impedir que adereços e faixas de partidos políticos tentassem ali surfar e fossem reprimidas, ela deu um rumo de autocontrole de sua raiz apartidária. Bolsonaristas estão marcando para 15 de março manifestações de crítica a instituições como o Congresso e visivelmente apoiadas pelo presidente através do meio que o projetou, o das redes sociais. O direito de manifestação é inquestionável, embora seja o da intervenção presidencial condenável pela circunstância de estar sofrendo suposta chantagem por parte de parlamentares, o que tem de reprise histórica que pode transmudar em histérica, se perder o controle, da legitimidade da manifestação. Em Curitiba uma efabulação: justo no Largo da Ordem o campo mais forte da violência.

O mito da barricada

Em 1968 tivemos o furor da barricada, mais na França do que aqui (a passeata dos cem mil), como sempre um culto que vem da queda da Bastilha. Tudo expresso na liberdade sem limites, mas contido no fim com um discurso exaltando a ordem de Charles de Gaulle, contradição em termos para um agito que aparentava eternidade, tal o engajamento das pessoas.

Antes disso tivemos os governistas de Jango, subestimando os adversários, convidando à batalha das ruas com o comício das reformas da Central do Brasil, que reuniu perto de 350 mil pessoas e respondido pelas marchas com Deus e a família pela liberdade com concentrações de mais de um milhão de pessoas nos maiores centros, fruto intensivo da Guerra Fria que hoje só existe em mentes perturbadas.

Em 2013 a palavra de ordem nasceu de um simples reajuste nas tarifas de ônibus e havia nela incubado um grito de renovação e pelo menos até um certo momento sem histeria.

Politização

Embora no Rio o carnaval gerasse mais críticas políticas, a vitória da Águia de Ouro em São Paulo também tem conotação ideológica por exaltar o educador Paulo Freire, abominado pela direita.

Coronavírus, o primeiro

Confirmado o primeiro teste positivo de coronavírus num paulistano de 61 anos que esteve recentemente na Lombardia, na Itália. A contraprova o confirmou. Hipótese de pandemia é cogitada, mas já confiança de que o surto não prospere num país tropical. Já se admite a hipótese de cancelamento do Jogos Olímpicos no Japão e o prazo limite é maio.

Folclore

Uma Medida Provisória do governo federal altera a questão das listas para reitor no país limitando-a a um nome e não a três. Governo estadual tende a acompanha-la. Guerra certa.