Embora a curva ascendente de infectados e de mortes, houve relativa surpresa na decisão do governo estadual em abrir o leque da flexibilidade, interrompendo a quarentena. Os limites foram mantidos apenas para a região litorânea, onde um surto de ocorrências aconselhavam a endurecer as restrições. Como a decisão se deu, pelo menos aparentemente, em aberto conflito com a posição de destaque negativo do Paraná, fato decantado nos telejornais sobre as áreas do Brasil em que a crise desandou, questiona-se muito a orientação oficial, pelo jeito valendo como destaque às pressões, cada vez mais eloquentes, dos empresários.

Aqui especialmente vivemos, de maneira intensa, os conflitos decorrentes das restrições, que em muito casos prenunciam a quebra e com ela o sumiço dos empregos, seu efeito mais devastador.

Cobrança

Nelson Meurer, condenado da Lava Jato, pediu várias vezes para ser transferido para prisão domiciliar e não a obteve pelo fato, alegado pelo ministro Edson Facchin, de que não havia registro de casos na prisão. De um modo geral o argumento da idade facilita por enquadrar a pessoa na área de risco, argumento que privilegiou Geddel Vieira Lima, aquele que tinha guardado R$ 51 milhões num bunker na Bahia. A morte de Meurer, primeiro deputado condenado na Lava Jato, tende a consagrar o princípio de liberação.

Militares

A questão da presença militar no governo Bolsonaro, especialmente no caso do ministro interino da Saúde, agravada com as agressões verbais do ministro do STF, Gilmar Mendes, pode redundar na designação de um ocupante permanente. O fato é que a interinidade é incompatível com a gravidade do momento.

Drama

Seis em cada dez que concluem o ensino médio não continuam os estudos, segundo o IBGE, o que dá bem a medida do problema. Essa é uma das variáveis chocantes das formas de evasão que enfrentamos. De outro lado houve queda do analfabetismo para 6,6% em 2019, mas que não vale comemorar porque consolida o fato de termos 11 milhões que não sabem ler e escrever.

Acorrentado

Um empresário resolveu permanecer acorrentado, por 32 horas, à frente de uma agência bancária sob a alegação de que não lhe davam crédito. Houve pequena melhora nessa questão do setor de micro e pequenos negócios, mas o sacrifício do acorrentado (não era o Prometeu da mitologia), que já se deu em outras ocasiões, levou o rebelado a ser atendido. Manteve em pé a queixa de empresários pela demora em serem atendidos, necessidade para sustentar a dinâmica dos negócios.

Folclore

Lava Jato, que reaparece agora no caso de Paulinho da Força, precisa retornar à pauta para não enfraquecer em momento em que é contestada como na questão da liberação dos seus dados à Procuradoria Geral da República autorizada por Dias Toffoli, presidente do STF. Na fase aguda da República de Curitiba algo do gênero seria inaceitável.