É hora de discutir contenção do gasto púbico, de ajustar-se às normas de modelos ideológicos? Claro que não, e daí a correção da medida adotada pela União em declarar o estado de calamidade, na realidade há tempos instalado. Com isso devolve-se ao Estado o papel condutor que lhe cabe na circunstância ora enfrentada, não tendo sentido insistir nas teorias de sua minimização.

É que a flexibilidade permitirá mais intervenções, o que não significa que não sejam planejadas em função de prioridades impostas pela emergência. Para facilitar as coisas há em princípio concordância dos presidentes do Senado e da Câmara Federal, o que facilita o ajuste institucional liberado das picuinhas como as decorrentes conceituais do orçamento impositivo.

Entre as providências em análise há a concessão de vouchers a trabalhadores informais e para neutralizar demissões a permissão de suspensão de contratos de trabalho por 60 dias e que funcionários acessem seguro-desemprego no período. Nos EUA, Trump avalia enviar dinheiro diretamente às famílias como parte de pacote de fomento à economia que pode chegar a US$ 1 trilhão.

Limites

Em tal situação como a do país as normas jurídicas acabam afrontadas, como as que limitam as liberdades como o poder, por exemplo, de prender paciente que descumprir ordem de quarentena. Na normalidade costumamos respeitar moradores de rua em sua liberdade, o que diante da pandemia perde o sentido, já que seriam transmissores do vírus. Esse tipo de debate acadêmico, comum na normalidade, é ocioso.

Jornalismo

A decisão de emissoras como a Globo e a CNN colocarem todo o seu potencial na informação até para aprofundar o desprezo pelas fake news é postura de total engajamento na luta contra a Covid-19 e especialmente no caso da primeira a suspensão de gravação das novelas para proteger seus atores. Temos que criar uma nova cultura comportamental, pois decisões como a de fechar shoppings metropolitanos dão bem a medida da rede protetiva.

Pior que Itália?

O número de casos confirmados no Brasil subiu de 234 para 291, dos quais 169 em São Paulo e subiu também de 2.064 para 8.819 o de registros em análise, O ministro da Saúde acredita que enfrentaremos o pico entre dois e três meses e um detalhe está sendo posto em destaque: o vigésimo dia do Covid-19 no Brasil é pior que o da Itália. É que tínhamos 291 casos enquanto Itália e Espanha registravam apenas 3 e 2 diagnósticos confirmados. Há variáveis nessa estatística que podem confundir, já que as progressões geométricas dos casos na Europa espantam.

Gente nossa

A médica curitibana Mariângela Simeão, 64, diretora assistente da OMS, traça estratégias de sua casa em Genebra para a área de medicamentos e produtos de saúde, e afirma que brasileiros estão subestimando o risco a enfrentar.