O andamento da reforma tributária e com ela os planos de ajuste parecem não impedir o inevitável: o aumento dos impostos, conclusão a que chegaram tanto políticos como os especialistas. Reforma dá ideia do permanente, mas o clima impõe o transitório pela estreiteza, cada vez maior, da área de manobra. Dispêndios extraordinários e a imposição de ampliar a rede de proteção social para encarar o pós-pandemia gerarão aumento tributário. O cenário indica que essa alta evitaria que a dívida pública saia de controle, esgarçando o quadro de inflação e juros baixos. Evitar que a dívida dispare e simultaneamente respeitar o teto de gastos são a conduta a seguir num quadro político fermentado em que a dívida pública se aproxima de 96% do PIB. Se é difícil raciocinar, mais complexo ainda o agir.

Contrastes

Enquanto em Curitiba várias categorias fazem manifestação pela retomada de atividades no mercado, Londrina cogita prorrogar o fechamento das escolas até 31 de agosto decorrente dos níveis da pandemia (249 casos no município, 187 em isolamento domiciliar e 62 internados). A turbidez do contexto não impede feitos administrativos como o fato de o Profis, Programa de Regularização Fiscal), ter negociado R$ 11 milhões em 12 dias, o que indica que tal intervenção levará a recuperação de mais de R$ 30 milhões até 22 de dezembro. Dado relevante é o de que 78% das negociações em Londrina foram processadas pela internet no sistema Profis Online.

Troca inevitável

Além da pressão na rede pública em função da migração da área privada de educação, em função da crise, temos o caso peculiar das escolas de educação infantil, com 40% do cancelamento de matrículas.

Alforria

Para muitos educadores o novo Fundeb é uma carta de alforria para a educação básica no país ao tirar 46% das cidades do subfinanciamento do setor. Ela possibilitará alta de 55% no gasto mínimo por aluno e representa hoje R$ 4 de cada R$ 10 investidos na educação básica. Mestre do Insper, Marcos Mendes, diz que o Brasil foi um dos países que mais investiram em educação nas últimas décadas em percentuais do PIB igual ao de países ricos. Contudo, não houve melhoria nos resultados, o que é um problema dramático de gestão.

Pressão

Há uma pressão internacional sobre a Amazônia, mas com fortes raízes nacionais, como se viu em recente mobilização de empresas e o apoio dos três maiores bancos privados do Brasil. O que se discute é a linha comportamental do país e a tarefa do vice-presidente, Hamilton Mourão, como presidente do Conselho da Amazônia, nesse particular ganha características de diplomática. Segundo nota técnica do Ibama, feita por 600 servidores, e enviada a Mourão, o desmatamento na região teria aumentado 28% em um ano.

Folclore

Na eleição de 1965 para governador disputaram Paulo Pimentel e Bento Munhoz da Rocha e o poeta populírico Liberalino Estevam fez a quadrinha provocativa contra Ney Braga, maior cabo eleitoral do governo: "Não assopre contra o vento// que o vento não tem lei// seja Bento cem por cento//mil por cento contra o Ney".