Vimos no caso do Enem nas demandas que criou inclusive no Inep, a técnica da intimidação em fundamentos antidemocráticos o quanto isso opera como chantagem. Nada ficou demonstrado que sob qualquer aspecto, além do falatório, a prova tenha ficado com a cara do governo, como havia dito o presidente Bolsonaro. Faz parte do cenário essa permanente brain storm, como de resto a inevitável reação da discordância. Para não se dar como derrotado, o presidente afirmou que ainda há ideologia, mas que o Enem está mudando. Esse tipo de simulação estava presente em Requião, quando afirmava, enfático, que o Paraná era uma república bolivariana. Por sinal que levou vaia no Guairão testemunhada por Hugo Chávez.

Jogo verbal

Enfim, como é próprio ao exercício da política, há uma espécie de jogos florais, mais divertidos quando havia rimas, em cada intervenção e a mais derradeira delas a do presidente da Câmara, Arthur Lira, ao afirmar que a sua reeleição não depende de Bolsonaro. Com a sutileza vende a ideia de independente, boa para um discurso de reeleição, que não é verdadeira. Embora o presidente tenda a ir ao PL, já se sabe que a próxima chapa presidencial terá um vice do PP, que tem no governismo o Lira e o Chefe da Casa Civil, pepistas.

Persiste o muro

Até na prévia do PSDB uma das vocações do partido: ficar no muro ante o incidente com o aplicativo. Há um bom nível de arregimentação entre Doria e Eduardo Leite, embora discordem da nova data da eleição, empenhados em representar a terceira via, que aparenta ser muito fraquinha ante a polarização de Lula e Bolsonaro. Não funcionou o APP, sempre o PP na parada. O Paraná teve duas gestões de Beto Richa, que era do PSDB, revelado enfraquecido nas últimas eleições majoritárias, inclusive a de prefeito da capital.

Front

Mais 97 óbitos em 24 horas e 5.064 infecções, no Paraná 3 mortes e 742 casos. No mapa o Paraná segue no azul com casos em queda. Percebe-se que hábitos sem eficácia persistem mesmo sem evidências como medição de temperatura, tapetes sanitizantes e cardápio por QR Code. Os mais cautelosos dos infectologistas e epidemiologistas pedem para lançar um olho na Europa, com elevação de casos gerando restrições extremas, como o lockdown na Áustria e na Holanda, e um relativo pânico na Alemanha, e no Reino Unido com mais de 40 mil incidências diárias. Há a referência a quatro ondas. Discute-se muito sobre passaporte de vacinas, que existe, há várias décadas aqui no Paraná, para várias patologias. Festejou-se na cidade do Rio de Janeiro nenhum óbito pela Covid.

Perdas

Pelo jeito não houve ganhos e apenas perdas com o modelo de pedágio adotado de Lerner para cá. É algo que um estudo da Universidade Federal mostrará hoje em audiência pública os passivos estruturais e litígios das concessões atuais. De todas as inúmeras audiências e sugestões feitas pouco se aproveitou e os detalhes dos futuros contratos constantes do plano de outorga encaminhado ao TCU fixa cobranças na PR-445, Jacarezinho, Califórnia e Quatiguá. Muito papo, muito assembleísmo, e o que vale é a mão pesada da burocracia.

Assistência

O governo do Paraná quer tornar definitivo o seu programa de transferência de renda e nesta semana deve indicar o reajuste salarial dos seus servidores públicos. Apesar do déficit orçamentário, calculado em R$ 4 bilhões, haverá esse aumento, que certamente não satisfará o funcionalismo pelo acúmulo de atrasados acima de 25% com o congelamento. Enquanto isso, o custo de vida, inflação e juros elevados marcam os nossos dias. O Banco Central prevê para 2022 um salto na Selic de 11% para 11,25%.

Lixões

Metade das nossas cidades mantém lixões e o pior é que quase sempre funcionam em áreas de preservação, o que é bem o retrato dos nossos padrões de saneamento básico.

Folclore

Quase 25% das áreas desmatadas e queimadas da Amazônia são, por incrível que pareça, justamente de terras públicas, como se apurou no mais recente dos levantamentos. A passividade governamental é extrema.