Amazônia resiste?

Obviamente Bolsonaro não vai pedir desculpas ao engenheiro Ricardo Galvão, demitido do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), sob a acusação de que atuava em compadrio com as ONGs sobre desmatamento. Não vai reconhecer que pelo menos em parte, ainda que mínima, a destruição de 9.762 km2 da Floresta Amazônica se deve a sua tolerância com os agressores, fazendeiros, madeireiros e garimpeiros e sua irritação com fiscais do Ibama. O desmate cresceu 29,5% em apenas um ano, comparável ao salto de 24% ocorrido de 1997 a 1998. Perspectivas sombrias e certamente muito agito internacional. Como o nosso noroeste, aqui da terra, tinha o risco da desertificação no arenito Caiuá, o bioma amazônico, se contar com taxas de 20 a 25% de desmate, caminha para a savanização. E não é pessimismo em excesso, já que tem pelo menos 17% da área do bioma destruída.

Servidores embalados

É de se prever agora no andamento da reforma da previdência estadual (que entre outras coisas eleva a alíquota de contribuição para 14%). Escaramuças como as ocorridas na Câmara Municipal de Curitiba com a tentativa de invasão da casa, choque com guardas municipais e quebra-quebra na votação do aumento de 3,5% e a prorrogação até 2021 da suspensão dos planos de carreira. É a sincronia com as prioridades federais para o ajuste fiscal. É a época do chia, mas não leva, daí a certeza de que o fórum dos servidores entra de sola para valer. O déficit anual do sistema é de R$ 6,3 bilhões, razão pela qual Ratinho Junior pede a votação em regime de urgência. Haverá soluços e ranger de dentes. No caso curitibano a reação foi inócua, no estadual ela tende a um maior embate.

Privataria

O projeto que estimula o investimento privado em saneamento está brecado nas duas casas do Congresso, na Câmara por causa da resistência das bancadas do Norte e Nordeste, além da exercida pela oposição. No Senado, o lobby de governadores torna tudo mais difícil. Uma das questões intrincadas é contra os contratos entre municípios e estatais de água e esgoto sem qualquer sinal de concorrência. Atualmente os prefeitos podem fazer contratos com empresas privadas, mas alegam que há burocracia demais. No trajeto da privatização há uma redundância irônica na privatização das privadas. Ou seriam estatizadas para um melhor controle da cidadania?

Milícias

A deputada Joice Hasselmann, PSL-SP, vai hoje à CPI das fake news mostrar como operam as milícias digitais na internet, responsáveis por informações mentirosas contra desafetos do presidente da República. Joice começou sua carreira de comunicadora em Ponta Grossa e é uma jornalista da pesada que foi inclusive censurada pelo conselho de Ética do sindicato. Lutas intestinas acabam em intestinais como a abertura do processo de expulsão do PSL do grupo bolsonarista.

Vegano à força

A pregação pela abstenção da carne e o engajamento vegetariano é ora facilitada pelo aumento da carne em quase 20% em pouco mais de uma semana. Tudo isso puxado pelo consumidor chinês. Mesmo com as restrições americanas, a demanda interna, em função das festas, segue alta. A previsão é de que a tendência altista se mantenha até o primeiro trimestre do ano que vem. Aí entram os sucedâneos como peixe e carne de frango e alguns ensaios com vegetais. Por sinal que se faz bife de soja.

Folclore

Afinal, consciente das reações, o presidente do STF, Dias Toffoli, revogou a decisão que lhe deu acesso aos dados do antigo Coaf. Se decisões precipitadas observassem esse tipo de recuo, no caso das sentenças monocráticas, o clima seria outro no Judiciário.