A Câmara Municipal de Londrina decidiu congelar subsídios por quatro anos, próxima legislatura, e pretende estendê-la nos salários de prefeito e secretários e, por extensão, como já se dá no estado com barnabés do Executivo, aos servidores. É adesão ao clima anunciado, mas não instaurado, de austeridade. Decalque do havido no governo estadual com a reforma da previdência e a amarra na licença-prêmio, fluxo normal da maioria parlamentar, o que ainda não significa apoio da população nas desconfianças provocadas e por esclarecer.

Quem sabe essa decisão por maioria facilite a questão ligada ao fundo de pensão municipal e dos R$ 40 milhões prometidos como investimento patronal e reduza o desequilíbrio contábil ao menos neste ano.

Privatizante

O compromisso de privatizar e levá-lo ao máximo possível é a tradução do governo Ratinho Junior, conforme se viu na abertura do ano legislativo. Prioridades estão definidas na melhor estruturação da Agepar, órgão de regulação, que terá intensa atividade com as privatizações dos aeroportos de Curitiba (os dois), Londrina e Foz do Iguaçu, e, na sequência, as rodovias, cujos contratos vencem em 2022. O governador acha que fez a maior reforma, pós Ney Braga, com o que não concorda o deputado Tadeu Veneri, da bancada oposicionista, que se refere ao contingenciamento de 30% nas universidades e exaustão dos hospitais universitários. Sugere-se que essas carências são apropriadas à redução das dimensões do estado.

Há, de fato, um clima de quase euforia, admitindo-se que nessa legislatura não haverá problemas como se o foco sindical estivesse inerte, isolado. O fato é que no plano nacional pelo menos há vida na oposição e mais do que isso, a força da independência dos poderes, o que não acontece no Paraná, mais ajustado à linha bolsonarista, daí o festerê.

Protagonismo

Nacionalmente o Paraná está com boa presença política: os três senadores em ação unívoca, boa atuação do presidente da CCJ da Câmara Federal e, em especial, o protagonismo do deputado Filipe Barros, ainda no PSL, mas em mutação para a Aliança pelo Brasil com o busão que lhe leva o nome.

Economicismo

É visível que o parto virá pela economia para a saída do sufoco. Na mensagem de abertura do ano legislativo, Bolsonaro viu na relação harmônica do Executivo e Legislativo o fundamento para a pauta econômica, essa sim que vai dizer ao que veio o governo. A reforma administrativa, posto que prioritária para a equipe econômica, perde força na pauta, aliás na qual se espera reação forte do funcionalismo. Por sinal que a greve na Petrobras contra o fechamento de unidade de fertilizantes na refinaria de Araucária (tida como deficitária) no Paraná é indicação de alguma vida, notadamente se ganhar força.

Confronto

Embora acredite que tira de letra a privatização da telefônica da Copel (há setores articulados contra a medida), ela não foi incluída na relação de feitos para a atual legislatura. O mar calmo, destacado tanto pelo governo como por parlamentares, pode mudar, ainda que longe de virar um tsunami.

Federalismo

Bolsonaro deu a entender que o alto preço dos combustíveis se deveria aos estados. De 27 governadores nada menos de 23 assinaram nota declarando que em vez de mexer no ICMS que fossem cortados tributos federais que incidem sobre gasolina e diesel. Sem diálogo não há federação. O ICMS sobre combustíveis representa 20% da arrecadação dos estados, o que geraria caos na situação fiscal que enfrentam.