Finalizaremos hoje a entrevista que realizei com o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná (SEAB), Norberto Ortigara.:

1) Lideranças defendem o pensamento de que a inovação na agricultura familiar é proveniente sobretudo de iniciativas oriundas de cooperativas, associações e demais grupos coletivos que vão trabalhar notadamente focados em inovações de serviço, não no desenvolvimento de tecnologias em forma de máquinas e softwares, por exemplo. O senhor acredita que é possível conciliar esses dois mundos: agricultura familiar e tecnologias de alto valor?

A tecnologia de ponta deve estar disponível para todos. É evidente que a união, sobretudo dos agricultores familiares, em uma cooperativa ou associação, facilita em termos financeiros e estruturais para que tenham acesso mais fácil e rápido aos avanços tecnológicos. Essa é uma das razões pelas quais criamos o programa Coopera Paraná, que tem como prerrogativa oferecer apoio financeiro e de gestão para que as cooperativas e associações da agricultura familiar se estruturem, cresçam, modernizem-se e vendam bem para garantir cada vez mais renda aos cooperados.

A nossa agricultura e a nossa agroindústria, independentemente do tamanho, estão cada vez mais tecnológicas, fugindo do empirismo e assumindo mais a inovação, o conhecimento e a ciência como definidores de resultados. Hoje conseguimos lidar com cada pedacinho de chão de acordo com as suas necessidades, em alguns casos com uso de inteligência artificial, algoritmos, definindo maior assertividade.

2) Inovação no campo atualmente está bastante vinculada à sucessão familiar, pois diz respeito à vontade do produtor rural em aderir à mudança. Como o senhor acredita que as novas gerações vão contribuir para o processo de incorporação e desenvolvimento de práticas inovadoras no campo e qual o papel do estado em contribuir com essa transformação?

A questão da sucessão familiar passa pela adoção de práticas inovadoras e de novas tecnologias no campo, embora não se restrinja a isso. Como exemplo de prática inovadora que tem despertado a vontade de jovens permanecerem no campo citamos a produção orgânica, apoiados pelo Estado por meio do programa Paraná Mais Orgânico, da certificação feita também pelo Tecpar, do aumento de alimentos orgânicos na alimentação escolar e no privilégio à produção agroecológica em programas de compra e venda do Estado, além de remuneração superior.

Ainda como motivacional, o Estado criou recentemente a Escola Agrícola 4.0, que funciona na antiga Granja Canguiri, com vistas a modernizar o ensino técnico agrícola do Paraná. Outras escolas técnicas estão surgindo pelo Estado com o mesmo objetivo de levar aos jovens que têm vocação rural as inovações que estão chegando ao campo.

O campo (e a habitação rural como extensão) precisa ser atraente, organizado, convidativo. E, fundamental, garantir renda. O jovem tem uma qualidade essencial para o campo: ele não tem medo de enfrentar problemas, ele sabe que caminhar sempre foi e sempre será melhor que ficar parado.

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A opinião do colunista não é, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina