Uma das grandes lições do mundo da inovação é: ela não tem data e hora para acontecer. Por conta disso, uma das ações mais importantes a fim de reduzir a incerteza e o risco, que são inerentes, é realizar a gestão da inovação.

Imagem ilustrativa da imagem Separtec: formando líderes e gerando inovação
| Foto: Secretaria de Fazenda do Paraná/Divulgação

Mas como gerir aquilo que é incerto?, muitos me questionam. Por meio de ações sistematizadas que já mostraram seu valor. Uma delas é por meio da criação de ambientes propícios à inovação.

Conheci uma pessoa que se dedica à mudança há quase duas décadas. Naquele período o novo não era modismo. Outra barreira é que ele tentou levar a inovação para o setor público, no qual a possibilidade de ela ocorrer é menor.

Estou falando de José Maurino de Oliveira, servidor público do Estado do Paraná lotado na Secretaria Estadual de Fazenda. Atual secretário executivo do Sistema estadual de Parques Tecnológicos (Separtec), Maurino foi um dos responsáveis por criar o Programa de Residência Técnica (Restec) há quinze anos, que busca capacitar servidores públicos e egressos de cursos de graduação para atuarem na gestão de ambientes de inovação no Paraná.

Esta possibilidade de egressos e servidores levarem os conhecimentos sobre inovação para dentro dos órgãos e secretarias pode provocar muitas mudanças positivas. Maurino me contou uma estória bem interessante. Uma egressa de engenharia foi atuar na secretaria de obras do estado. Com nanismo, ela elaborou um projeto de acessibilidade e entregou a seus superiores. Ela argumentou que era inconcebível o prédio da secretaria não dispor de infraestrutura de acessibilidade, como elevador. Em pouco tempo, o elevador foi implantado.

“Precisamos promover a liderança pelo Restec e o líder se forma pelo contexto”, me disse o secretário. Unir profissionais de diferentes gerações, como egressos e servidores com anos de experiência no funcionalismo, é a estratégia que vem trazendo os melhores resultados. Maurino ainda brincou: “Quando falamos de inovação, é mais importante encontro de CPFs do que de CNPJs”. Isto é, as conexões entre pessoas são as que trazem os melhores frutos.

Maurino ratifica um ponto de vista que venho defendendo há tempos de forma reiterada: pessoas imbuídas do mesmo propósito e motivadas realizam grandes obras. Por mais que surjam conflitos, que são perfeitamente naturais e até certo ponto necessários, já que se todo mundo pensasse igual nunca faríamos nada diferente, eles podem ser contornados com vontade de crescer e melhorar. Características que estão presentes em muitos egressos e alunos do Programa de Residência Técnica, cuja elevada competência e determinação em contribuir com nosso ecossistema de inovação vem rendendo ótimos frutos.

Em todos esses anos, O Restec ajudou a formar excelentes profissionais que atualmente procuram fomentar a inovação em organizações públicas e privadas pelo Brasil afora. Um outro bom exemplo é um egresso que se tornou superintendente de uma das maiores empresas do Paraná e do Brasil. Outra pessoa é secretária municipal de uma das maiores cidades do nosso estado. Ficou curioso quem são? Então veja na próxima coluna ;)

*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.