Inovação não tem fórmula mágica. Graças a Deus. Assim, inovação se torna um processo único, independente, conquanto os métodos possam ser replicados em diferentes organizações. Sim, porém não nos esqueçamos que as metodologias são para desenvolvimento de propostas inovadoras, isto é, ela ensina a criar, mas o que vai ser criado depende do lugar, das pessoas, da mentalidade....

Esta é uma das razões pelas quais é tão fascinante inovar. Ela é imprevisível. Para horror daqueles que adoram receitas de bolo. Eu adoro isso. Faz com que as pessoas saiam do lugar comum e lidem com a incerteza, com aquilo que desconhecem.

Recentemente tive uma experiência única. Fiz a Aula Magna de diversos cursos da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Aula Magna é o momento em que uma determinada instituição de ensino chama uma autoridade em certo assunto para palestrar a seus alunos e docentes. Agora imagine fazer isso na melhor universidade da América Latina e uma das 100 melhores do Brasil.

Mais que glamour, vejo isso como uma grande responsabilidade. Sim, porque está contribuindo na formação não só de novos profissionais, mas daqueles que provavelmente vão tomar decisões impactantes em todo o Brasil e até do planeta. Observe o quanto as minhas palavras podem fazer diferença, para melhor ou pior.

Se levarmos em conta que o tema da minha palestra foi inovação, posso concluir que minha contribuição pode ser significativa para desenvolvimento de novas tecnologias, a criação de políticas públicas para o setor, o surgimento de startups de sucesso e até novas lideranças que atuem no Brasil e ou lá fora.

Pensando em tudo isso, uma das mensagens que levei para o público presente e também por aquele que me acompanhou pela internet (palestra está disponível em: https://abrir.link/InlGT) foi a de que o Brasil precisa urgentemente reduzir a dependência externa de novas tecnologias. No campo da comunicação, foco da minha fala, tudo o que nós usamos é vindo de fora. Notadamente das grandes Big Techs, isto é, as maiores empresas de tecnologia do mundo, como Facebook (Meta) e Google.

Nas colunas nas quais tratei de temas sensíveis, como o financiamento do jornalismo profissional e regulação de redes sociais, por ocasião das discussões no Congresso Nacional em torno do Projeto de Lei n. 2630, cujo texto trata de diversos assuntos, como estes que acabei de citar, eu explico em detalhes o quão prejudicial é essa dependência. Um deles é o quanto essas empresas e as tecnologias criadas por elas não levam em conta nossas características culturais e sociais. Sem contar o viés de máquina, o preconceito que nos mantém presos ao atraso. Pode ser algo pouco significativo, mas isso atrapalha muito o nosso desenvolvimento.

Como o assunto é fundamental, prometo voltar nele. Por enquanto, fica minha gratidão à USP por me conceder tarefa tão nobre.

*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).

Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.

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