No universo da inovação e do empreendedorismo há um aforismo: “é preciso quebrar três vezes para depois dar certo”. Essa afirmação guarda muitas verdades, mas não revela tudo sobre histórias de sucesso.

.
. | Foto: Usina Biológica/Divulgação

Diversas pesquisas pelo mundo já mostraram numericamente aquilo que muita gente percebeu intuitivamente: os empreendedores mais bem-sucedidos são os que perseveram. Mais que isso, são aqueles que aprendem com os próprios erros. Se a partir disso tudo, a pessoa ainda mudou totalmente a direção de sua vida e inovou, é porque ela é obstinada.

Joan Fernandes teve tudo para desistir depois que a primeira empresa quebrou há mais de 10 anos. A persistência valeu a pena. A segunda empresa, desta vez de representação comercial, cresceu e se tornou uma distribuidora. No entanto, as constantes crises econômicas de um país cuja economia mais parece uma gangorra levaram o terceiro empreendimento ao fim. Formado em marketing, mas nascido no campo, João decidiu que iria mudar radicalmente. Iria fazer nova graduação, desta vez em Agronomia, já casado com mulher e filhos. Como ele mesmo disse, um estagiário sênior...

Ainda na graduação, Joan se envolveu com temas como Manejo Integrado de Pragas na Embrapa Soja e não tardou para entrar no mestrado em Agronomia na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ao realizar suas pesquisas e observar os comentários de produtores rurais para os quais dava cursos no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), percebeu que havia uma oportunidade de negócio a partir das suas pesquisas. Ao entrar no doutorado também em Agronomia na UEL criou a Usina Biológica, startup que desenvolve bio-insumos para a agricultura, tais como insetos que parasitam pragas em lavouras comerciais, e ainda máquinas para a produção desses insetos.

Em sua quarta jornada como empreendedor, Joan participa ativamente do ecossistema de inovação de Londrina; solicitou registro em órgãos governamentais da inovação biológica que desenvolveu; criou parcerias estratégicas com empresas da região para o desenvolvimento de tecnologia; conseguiu investidores-anjo para capitalizar o negócio e já tem clientes gerando receita.

Mais que “quebrar três vezes”, Joan evolui para um estágio muito acima da grande maioria das startups. Aliando sustentabilidade com desenvolvimento econômico, Joan está desenvolvendo tecnologia própria a partir de seu trabalho como pesquisador. É tudo aquilo que precisamos no nosso país! São pessoas assim que de fato geram inovação e conhecimento. Elas mudam a sociedade com seu trabalho e dedicação.

Ao buscar novos caminhos, Joan não só atingiu seu objetivo como também criou condições perfeitas para crescer. O Brasil ganhou um engenheiro agrônomo, pesquisador, empreendedor e também inovador. Joan saiu de zona de conforto e optou pelo caminho mais difícil, mas que se mostrou mais promissor. Muito sucesso ao Joan! Precisamos de mais profissionais como você).

Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da Folha de Londrina