As universidades sempre lideraram processos de inovação e de mudança pelo mundo ao longo da história. Como centros de produção de ciência e de formação de novos profissionais, as instituições de ensino assumiram o papel de protagonistas. Neste século XXI, porém, elas também estão passando por profundas transformações movidas pela inovação.

Ercília Hirota
Ercília Hirota | Foto: Arquivo Pessoal

A mediação do conhecimento pelas máquinas, a informação abundante e livre, a autonomia que as pessoas têm para aprenderem sozinhas desde habilidades complexas até técnicas básicas, sem contar a redução dos postos de trabalhos em diversos setores da economia formam um cenário no qual a universidade precisa mais uma vez reforçar sua importância para a sociedade.

Relatório recente do MIT, renomada universidade norte-americana, denominado The Work of The Future (O trabalho do futuro, em tradução livre) aponta que as tecnologias disruptivas como carros autônomos e robôs com inteligência artificial não criaram um exército de desempregados como alguns previram. No entanto, a situação não melhorou para o trabalhador como também se imaginou. Segundo o relatório, apenas as empresas que geraram inovação obtiveram ganhos expressivos, já que a inovação melhora a quantidade, a qualidade e a variedade do trabalho.

Conversei com as professoras Eloisa Rodrigues e Ercília Hirota do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU) da UEL sobre o programa Garage Startup, realizado em parceria com o Sebrae. Ao fomentar a inovação e o empreendedorismo entre estudantes e professores o programa almeja motivar a comunidade universitária a enxergar oportunidades, e não barreiras, nesta interseção.

Eloisa Rodrigues
Eloisa Rodrigues | Foto: Arquivo Pessoal

A academia brasileira, tradicionalmente, guarda uma certa distância do setor produtivo e isto dificulta o desenvolvimento de inovação, pois sem o mercado temos apenas ideias e não inovações. Para romper resistências, estão sendo realizados programas como o Garage, eventos e ainda alterações nos mecanismos de avaliação institucionais.

As universidades públicas concentram, sem dúvida, os melhores pesquisadores, as pesquisas de maior impacto, patentes, isto é, fazem ciência com elevada qualidade. Nesta pandemia observamos claramente o quanto a ciência é essencial para nossa sobrevivência. O próximo passo é tentar transformar essa ciência em inovação, sobretudo aquela que melhore a qualidade de vida de toda a população.

Sem dúvida que existem problemas estruturais nas instituições públicas de ensino, tais como o orçamento enxuto e as condições de trabalho inadequadas. Todavia, podemos avançar em alguns quesitos, como na formação de uma cultura empreendedora nos alunos, estimulando-os a inovar por meio daquilo que aprenderam ao longo da formação universitária.

Alguns professores universitários vêm realizando esse papel. O empresário Paulo Henrique Ferreira da ClickWeb, cuja trajetória foi retratada nesta coluna, formou-se na UEL em Administração. Obstinado, tornou-se um empreendedor de sucesso. Quando criarmos uma cultura inovadora nos universitários imagine quantos Paulo´s teremos? Certamente muitos ;)

*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área

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