Fomento à inovação é algo imprescindível em qualquer parte do mundo. Como não existe hora e lugar para desenvolver novas ideias, é o trabalho duradouro, consistente e focado que conduz a bons resultados concretos.

Imagem ilustrativa da imagem O papel do Estado no fomento à inovação: IDR Paraná
| Foto: Lucas V. de Araujo

Em “O Estado Empreendedor”, a professora Mariana Mazzucato acredita que “a principal força empreendedora vem do Estado e não do setor privado”. A principal contribuição do Estado seria de duas formas: como investidor em pesquisa científica e difundindo o conhecimento gerado a partir de redes de colaboração.

Esta proposta encaixa-se perfeitamente ao trabalho realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER com a Associação das Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná (Amucafe), cuja atuação foi destaque na coluna anterior.

Foi a pesquisa agrícola do IDR Paraná, por meio do Iapar, somada à aplicação das técnicas geradas, realizada pela Emater, que pavimentou o caminho sobre o qual as cafeicultoras caminham atualmente na produção de cafés especiais. Ademais, a organização do grupo e o direcionamento das atividades começaram há 8 anos com a extensionista Cíntia Souza.

O trabalho bem-sucedido das mulheres cafeicultoras na região de Ibaiti reflete a iniciativa do Instituto em agregar diversos atores sociais em torno do desenvolvimento da inovação por meio da produção e comercialização de cafés especiais. Foram anos de diálogo e de difusão de tecnologia para que o ecossistema regional do Norte Pioneiro pudesse repercutir na Amucafé.

Conversando com o diretor de Integração do IDR Paraná, Rafael Fuentes, ele me relatava o desafio de replicar o modelo das mulheres cafeicultoras para outras regiões paranaenses. Se antes o Estado era o protagonista na articulação dos atores sociais, atualmente ele assume o papel de catalizador e impulsionador nos ecossistemas.

A partir do lastro gerado pela pesquisa agrícola e da capilaridade alcançada pela extensão rural, a proposta do Instituto é que cada região com seus diversos atores representados pelas universidades, sindicatos, cooperativas, associações e demais organizações da sociedade civil desenvolva um ecossistema próspero e atuante. Atuando na gerência estadual de inovação do IDR Paraná, o pesquisador Anderson de Toledo, por exemplo, trabalha atualmente no desenvolvimento de um Centro de Inteligência Artificial Agro em conjunto com entidades como universidades, cooperativas e a Embrapa Soja.

Mazzucato é uma pesquisadora de opiniões fortes. Para ela: “o papel do Estado não se limita à criação de conhecimento, mas também a mobilização de recursos para difusão do conhecimento e da inovação”. Não por acaso cocriação, colaboração e compartilhamento tornaram-se indispensáveis para termos ecossistemas robustos. Mais que palavras de impacto, essa deve ser uma verdade absoluta das organizações públicas, privadas e do terceiro setor que desejam prosperar a partir da inovação.

Certamente assim teremos muitas outras Amucafe e histórias de sucesso no Paraná.

Lucas Vieira de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.