Inovando em Recursos Humanos a partir da vida e da repetição
Vida é inovação e repetição. Li essa frase no Museu do Amanhã do Rio de Janeiro. Desde o primeiro momento ela me marcou muito
PUBLICAÇÃO
domingo, 01 de junho de 2025
Vida é inovação e repetição. Li essa frase no Museu do Amanhã do Rio de Janeiro. Desde o primeiro momento ela me marcou muito
Lucas V. Araújo/ Especial para a FOLHA

Vida é mudança. Mudança é o propósito crucial da inovação. Não inova quem não muda. Se a mudança implica em alterar o que já foi feito, como então ela pode ser repetitiva? Este paradoxo me intriga e me fascina porque me faz pensar até que ponto mudamos para voltarmos a fazer algo que já foi feito. Ou ainda, até que ponto a inovação significa, de fato, uma destruição completa e criativa (como nos ensinou o pai da inovação, Joseph Schumpeter) ou ela é na verdade ou refazimento da história sob outra perspectiva? Não quero dar nó na cabeça do meu leitor logo na segunda de manhã (rsrsrs), mas provocar uma reflexão. Para isso vou falar de um acontecimento que me deixou feliz e motivado.
Fui convidado para gerir a área de recursos humanos na Câmara Municipal de Mandaguari. Quando o presidente Edilson Montanheri e o diretor Bruno Rodrigues me chamaram para essa empreitada, confesso que fiquei preocupado, porém, logo pensei em quanto isso seria bom para mim sob o ponto de vista da mudança.
Mudar para mim é uma necessidade. Isso me instiga. Não por acaso, já passei por inúmeras experiências de vida e profissionais. Com 23 anos fiz um mochilão pela Itália e Espanha sem nunca ter andado de avião. Com 24 anos fui morar em São Paulo (SP) para trabalhar em rede nacional. Com 27 anos já era mestre em Letras e professor de ensino superior. Fui voluntário na ala infantil do Hospital Universitário de Londrina com menos de 30 anos. Fiz pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) durante a pandemia. Dei mais de duas voltas ao mundo indo e voltando de São Paulo durante o doutorado na Universidade Metodista. Já percorri a mesma distância indo e retornando de Mandaguari todos os dias.
Como tudo isso pode ser repetitivo, pergunto-me. Talvez, acredito, porque a repetição esteja na busca constante pela mudança e não na realização dos mesmos atos. A minha vontade de fazer algo novo faz parte da minha essência e esse elemento é o que me motiva a buscar novos desafios constantemente. Certamente por essa razão eu goste tanto de estudar, de pesquisar, de entender as coisas. Quando Schumpeter tratou da destruição criativa ele fez uma analogia com ondas, em um movimento constante e repetitivo. Assim, a repetição não significa necessariamente fazer tudo igual, mas ter um comportamento de buscar repetidamente a mudança.
É claro que tudo isso tem um custo, tem um preço a ser pago. Estou tendo muitas dificuldades para assimilar, compreender, processar essa nova rotina de aprendizado (até porque não deixei minhas funções de jornalista para assumir a gestão de Recursos Humanos). A cada dia penso em como resolver os problemas da melhor forma possível. Nem sempre encontro as respostas. Se não fosse dessa forma, não seria mudança, não seria inovador na minha vida. Como a vida é inovação e repetição, espero mudar para melhor e repetir apenas aquilo que é bom ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).

