Existem certos temas que tradicionalmente não são de grande repercussão entre a sociedade. Um deles é a causa animal, isto é, a defesa dos direitos e do bem-estar animal.

Imagem ilustrativa da imagem Inovação social e causa animal: unindo justiça e ética
| Foto: Diego Silva/Divulgação

Por mais que as pessoas possam argumentar da relevância do tema, o que concordo plenamente, constatamos que a comoção nas redes sociais, um ótimo indicativo para medir a “popularidade” de um assunto, nunca é tão grande quanto outras questões, exemplo: política.

Meu leitor mais politizado diria: é claro que política é mais importante! Sem ela não se exerce a democracia, a liberdade, preceitos fundamentais da vida em sociedade! Concordo novamente, porém a causa animal não diz respeito apenas a “cuidar bem dos bichinhos”, mas a buscarmos justiça e ética.

Gosto de tratar de temas dessa natureza à luz da inovação, meu campo de atuação e de pesquisa como todos sabem. Isto, no entanto, é um problema para mim porque torna minha missão muito mais difícil. É fácil e sorrateiro dizer que ideias inovadoras são necessárias na indústria e no comércio, mas estabelecer pontes com ética e justiça é tarefa árdua e complexa.

O vereador em Londrina Deivid Wisley vem trabalhando há alguns anos com a causa animal. Já apresentou projetos de lei na Câmara Municipal que proíbem tutores de animais de mantê-los acorrentados; que exige dos síndicos denunciarem maus-tratos; e teve aprovado projeto de lei que inclui na grade curricular da rede municipal de ensino conteúdos sobre direitos dos animais e proteção animal.

Neste caso justiça e ética estão juntas em prol da causa animal porque foram criadas obrigações ao Estado e ao cidadão em virtude de uma legislação municipal. Proposta inovadora? Certamente. Não só porque criou algo inédito no município, mas porque avançou em relação às ações necessárias pelo bem-estar animal.

Ao contrário do que se pode imaginar, Deivid não vai “ganhar” votos com essas medidas. Pelo contrário, a grande maioria das pessoas vai pensar que “não fez mais que a obrigação”. De fato, é obrigação do vereador buscar o bem da cidade e de todos que vivem nela, inclusive os animais! Porém, a causa animal é uma luta inglória face aos benefícios que ela traz para aqueles que dedicam seu tempo e sua vida. “É enxugar gelo”, como já ouvi diversas vezes.

Já disse em algumas ocasiões que Londrina e região estão relativamente bem servidas em termos de inovação tecnológica, startups e grandes negócios. Contudo, a inovação social, essa que eleva a ética a um patamar prioritário, acima dos interesses econômicos, ainda engatinha. Os projetos do Deivid caminham nessa direção, mas é preciso ganhar escala, como todo negócio social. Para isso é preciso apoio o Poder Público e também da sociedade, que deve legitimar esse propósito agindo eticamente com os animais e valorizando quem o faz.

Aproveito para desejar um 2023 de muita saúde, paz e realizações para meus estimados leitores. Que as boas ideias sejam cada vez mais presentes em nossas vidas ;)

Lucas V. de Araujo é PhD em Comunicação e Inovação (USP). Jornalista na Câmara de Vereadores de Mandaguari, docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e parecerista internacional. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, referência no país / A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da Folha de Londrina