Fomento à inovação nas universidades: um longo caminho a percorrer
É aquilo que chamamos de trabalho “formiguinha”, pois “não aparece” no dia a dia, mas com o passar dos anos faz uma diferença enorme
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segunda-feira, 05 de agosto de 2024
É aquilo que chamamos de trabalho “formiguinha”, pois “não aparece” no dia a dia, mas com o passar dos anos faz uma diferença enorme
Lucas V. de Araujo
Fomento à inovação é um dos principais pilares de todo país que deseja gerar desenvolvimento e progresso, inclusive para a população mais humilde. Essa tarefa, porém, é árdua. Ela exige muito tempo e dedicação. É aquilo que chamamos de trabalho “formiguinha”, pois “não aparece” no dia a dia, mas com o passar dos anos faz uma diferença enorme.
Fomentar é estimular as pessoas a fazerem algo. Portanto, exige mudança de mentalidade, o que torna os processos mais delicados. Nem sempre estamos propensos à mudança. Aliás, é muito mais cômodo ficar na nossa zona de conforto. Por isso inovar demanda muito investimento de tempo e de recursos.
Este é o meu trabalho há alguns anos com meus alunos de ciências agrárias na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Aos poucos, venho estimulando-os a ver a inovação como um caminho a ser seguido. Embora o Brasil seja atualmente um dos países mais inovadores do mundo no seguimento agrícola, ainda não temos uma mentalidade voltada à inovação em nossas universidades.
Por conta disso, levei quatro pessoas com profundo conhecimento e experiência profissional nesse setor para conversar com meus alunos do quinto ano de agronomia e zootecnia. Tatiana Fiuza, Head de Inovação da Cocriagro; Sheila Valêncio, da Fitovision; Helder Rodrigues, da Alga; e Elian Porta, da Nova do Brasil. Sheila e Helder são engenheiros agrônomos formados pela UEL. Ambos criaram startups no setor agrícola que atualmente têm clientes até nos Estados Unidos. Tatiana lidera os trabalhos em um dos maiores hubs de inovação do agro do Brasil e Elian é CEO de uma empresa argentina que recentemente inaugurou um Centro de Inovação em Biotecnologia em Londrina.
Foram duas horas de uma troca intensa de informações, conhecimentos, experiências, vivências e muito aprendizado. Não espero que desse encontro seja criada a startup que vai revolucionar o setor agrícola brasileiro. Longe disso. Pode ser que nenhum desses alunos impactados gere uma nova empresa, tampouco uma tecnologia inovadora. Não há problema. O mais importante é mudança de mentalidade. Os futuros agrônomos e zootecnista acreditarem que existe um caminho na inovação. Fomento é isso.
Se queremos ser um país inovador, precisamos agir de forma mais incisiva nas universidades. Nunca podemos nos esquecer que inovação depende de ciência, a qual é gerada sobretudo em nossas universidades e centros de pesquisa. Mais críticos vão tentar me colocar em situação delicada afirmando que recentemente disse que as startups, muitas vezes geradas por universitários como meus alunos de ciências agrárias, não podem se sobrepujar ao micro e pequenos empreendedores. De fato, mantenho minhas palavras. O que precisamos observar é que ambas precisam caminhar juntas e, quem sabe, de forma colaborativa. Por que a ciência gerada nas universidades não pode chegar nas comunidades e gerar inovação localmente? Já estou pensando e trabalhando nisso há anos. Essas palestras fazem parte do meu plano ;)
Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter
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