Ecossistema de inovação está na moda. Muito se fala e ouve sobre esse assunto nos mais variados ambientes, desde o acadêmico, até nas empresas e organizações públicas. Afinal, por que se fala tanto nisso e o quanto isso é importante para a inovação e o empreendedorismo?

Imagem ilustrativa da imagem Ecossistemas de inovação: o caso Agribela
| Foto: Lucas V. de Araujo

O termo ecossistema teve origem na biologia há 86 anos! O britânico Arthur Tansley argumentou que os ecossistemas “são as unidades básicas da natureza sobre a face da Terra”. Desde então, diversas áreas usam o termo ecossistema para referir-se a membros de grupos que interagem entre si e com outros formando redes.

Londrina há décadas é considerada uma cidade universitária e com vocação para o setor de serviços. Porém, a realidade vem mudando. Foi preciso expandir para uma noção de ecossistema, em que toda a região Norte do Paraná e outros setores passassem a atuar em sintonia em prol do bem comum.

Se antes as universidades eram importantes apenas para formar mão de obra altamente capacitada, hoje elas assumiram outra importante atribuição: gerar inovação e fomentar o empreendedorismo. Se antes os bons profissionais iriam trabalhar em grandes empresas ao se formarem, nesta nova realidade eles criam startups que são a base da nova economia. Se antes o setor agrícola desempenhava um papel crucial na economia regional, agora ele também contribui como laboratório para desenvolvimento de novas tecnologias, focadas, inclusive, na preservação ambiental.

A Agribela é um exemplo emblemático disso. Criada há quatro anos por dois engenheiros agrônomos que estudaram na UEL (Universidade Estadual de Londrina), a empresa desenvolveu uma tecnologia de manejo biológico de pragas chamada Biodrop. Cápsulas de material biodegradável contendo vespas parasitoides são soltas em lavouras com o apoio de drones ou tratores. A startup criou até um dispositivo mecânico para liberar as cápsulas com o máximo de eficiência. Depois de alguns anos na incubadora da UEL, a empresa se prepara para ganhar novos mercados.

Com a possibilidade de ser usada em qualquer parte do Brasil e do mundo em propriedades que cultivem grãos, como milho e soja, a nova tecnologia alia as necessidades do produtor, como redução de custos e controle de pragas, àquilo que toda o mundo necessita: sustentabilidade ambiental.

Todo esse progresso é fruto de uma série de fatores, desde fatores pessoais, com o ímpeto empreendedor e a elevada capacidade técnica dos sócios-fundadores, até fatores contextuais, como um ambiente propício para surgimento de novos negócios, acesso a mercados e financiamento, disponibilidade de capital humano altamente capacitado e entidades de suporte e mentoria.

Londrina e região avançaram muito no desenvolvimento desse ecossistema, mas ainda podemos crescer mais, sobretudo por meio da interação profícua entre os agentes. Quanto mais os membros do ecossistema colaborarem entre si, trocando informações e trabalhando pelo bem comum, mais Agribelas serão criadas, mais tecnologias vão ser desenvolvidas e novos empreendedores vão surgir.

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*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Inovação e Comunicação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Unipar e FAG. Parecerista internacional. Mentor Founder Institute

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