Você já deve ter lido a expressão: “Os dados são o ouro do futuro”. Há muita verdade nessa frase, mas ela precisa ser de um complemento: “Como toda pedra preciosa, o ouro precisa ser lapidado”.

Imagem ilustrativa da imagem Dados que geram informação de utilidade pública
| Foto: Rovenir Duarte/Divulgação

Antes de explicar por que faço essa afirmação pontuo que dado e informação são aspectos distintos, já que dados são números, palavras, sentenças, símbolos “soltos”, fora de um contexto. Por exemplo, o número 9 não representa nada enquanto não explico que é a idade da minha filha. Neste ponto, temos a informação: estágio avançado do dado dotado de contexto. Dito isso, entendemos a razão pela qual os dados precisam ser lapidados, enquanto “ouro”.

Um dos propósitos do projeto liderado pelo professor Rovenir Duarte na Universidade Estadual de Londrina (UEL) é justamente transformar muitos dados gerados na Universidade em informações de utilidade pública. O professor explica que o projeto se assemelha a uma proposta de smart city (cidade inteligente), mas não se limita a isso. “É um exercício laboral. Com ele, buscamos formas de otimizar recursos e democratizar meios”, explica.

Um dos exemplos é por meio da instalação de sensores em sala de aula para captação de dados sobre temperatura, iluminação, ventilação, dentre outros. A partir deles, serão criadas informações sobre, por exemplo, formas de economizar energia elétrica. Ou ainda câmeras no Restaurante Universitário vão registrar os momentos de pico e ajudar estudantes, alunos e técnicos a se programarem melhor para fazer as refeições enfrentando pouca ou nenhuma filha.

Este tipo de projeto é visto como o futuro porque a mentalidade recorrente dá conta de que o mundo moderno é conectado e compartilhado. De fato, esses elementos são importantes, mas quem vai transformar todos esses dados em informação? E o mais importante, como fazer o melhor uso disso para o bem-estar da sociedade?

Poucos são os projetos que têm respostas para isso. O professor Rovenir lista, além da economia de recursos, a democratização da informação como um fator bastante positivo, pois as pessoas que autorizarem o uso dos seus dados poderão usar essas informações para seu bem-estar, como no exemplo da fila do restaurante ou ainda para se locomoverem pelo campus compartilhando meios de transporte. Muitos projetos de smart city, no entanto, não caminham na mesma direção que o projeto liderado pelo professor Rovenir.

Quando tratamos de mobilidade urbana, por exemplo, um dos temas mais recorrentes em termos de cidades inteligentes, vemos que dificilmente o poder público consegue gerar, processar e transformar as informações e dados coletados em soluções para a vida cotidiana. Isso ocorre, notadamente, porque o poder público enfrenta muitas barreiras para atingir tais objetivos. Assim, as parcerias são tão importantes.

A equipe da UEL está trabalhando arduamente nesse sentido. Torcemos para que eles consigam conciliar todos esses elementos para o bem da comunidade universitária e de toda cidade de Londrina.

Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

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