Cresol cresce passando da incremental para a disruptiva
Cooperativa de crédito começou focada no segmento agrícola, inovou e expandiu suas operações para outros setores antes poucos expressivos
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segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Cooperativa de crédito começou focada no segmento agrícola, inovou e expandiu suas operações para outros setores antes poucos expressivos
Lucas V. de Araujo
Quando o assunto é inovação, pensamos de imediato naquelas mudanças radicais. Se for uma máquina, por exemplo, já imaginamos aquele computador de última geração que num piscar de olhos processa as informações. Hoje, porém, venho falar daquela inovação que geralmente a gente não se lembra, mas faz uma diferença muito grande: a inovação incremental.

Tecnicamente, existem três tipos de inovação: incremental, radical e disruptiva. Esta pode ser caracterizada como produto ou serviço que ganha mercado por ser mais barato e depois abocanha fatias maiores do setor, substituindo os concorrentes estabelecidos. Bom exemplo é o que se tornou o Airbnb que hoje é a maior empresa de hospedagem do mundo sem um único quarto sequer. Inovação radical é a completa transformação de um produto ou serviço. Veja o que está acontecendo no setor automotivo com os motores elétricos. Já a incremental, que é meu foco hoje, é um incremento sutil em relação a um produto ou processo já existente. Para explicar esse conceito teórico vou me valer do bom exemplo da Cresol.
Neste ano, até o mês passado, a Cresol realizou mais de 71 mil operações com crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em um somatório de R$ 4,3 bilhões. Estes números expressivos fizeram da Cresol a instituição financeira que mais operou créditos com o BNDES no Brasil. A cooperativa de crédito ficou em primeiro em três categorias: operações para pessoa física, com quase 68 mil contratos aprovados; no ranking para micro, pequenas e médias empresas, com aproximadamente 72 mil contratos; e ainda nas operações para programas agrícolas, com quase R$ 3,8 bilhões de movimentação.
A cooperativa de crédito que começou focada no segmento agrícola, inovou e expandiu suas operações para outros setores antes poucos expressivos em seu portifólio, como no crédito para pessoa física. Um segmento de mercado outrora altamente dominado por grandes instituições financeiras, mas que agora tem concorrentes fortíssimos como a Cresol, que não só abocanhou uma fatia significativa de mercado, como se tornou líder!
Tecnicamente falando, a inovação que era incremental em seu início, quando a Cresol mudou seus serviços para oferecer algo diferenciado e atender um público diferente, se tornou disruptiva porque atualmente ela se tornou líder no segmento. Muito se fala atualmente das startups fintechs como exemplos de inovação radical e disruptiva, mas nenhuma delas se tornou líder nos segmentos que citei.
O exemplo da Cresol nos mostra muitos aspectos interessantes, mas um chama bastante a atenção. Para se tornar a maior liderança no Brasil a Cresol não se valeu da compra de tecnologia de última geração, como ocorre com a grande maioria das empresas. Pelo contrário, foi o foco nas pessoas e no relacionamento pessoal com o cliente, que garantiu o crescimento acelerado e constante. Outra inovação que faz toda a diferença ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.

