Para uma empresa dar certo são necessários vários ingredientes. Quando se trata de uma startup a realidade é um pouco diferente.

O ecossistema de inovação de Londrina cresceu de forma vigorosa nos últimos 5 anos. Atualmente há um suporte muito maior para que boas ideias se tornem realidade. Estes avanços possibilitaram o surgimento e o desenvolvimento de muitas startups, uma mentalidade mais aberta à inovação e até o envolvimento de setores tradicionalmente menos afeitos à mudança. Para alçar novos degraus, porém, será preciso novas ações estratégicas.

Mariana Bonora é bacharel em direito pela UEL (Universidade Estadual de Londrina). Desde que se formou trabalhou em empresas privadas. Aos poucos foi percebendo que muitos problemas vivenciados no dia a dia das firmas demandam soluções específicas. Com isso em mente e uma vontade grande de mudar, começou a participar de eventos de inovação, empreendedorismo, fez cursos, pesquisou o assunto e quando se sentiu preparada criou a Bart Digital em 2016. Em linhas gerais, a startup facilita a vida de produtores rurais e empresas envolvidas na comercialização de insumos. Por meio de uma plataforma digital, eles realizam serviços para agilizar processos e reduzir custos.

Mariana Bonora criou a Bart Digital em 2016
Mariana Bonora criou a Bart Digital em 2016 | Foto: Arquivo pessoal

Como acontece com inovações mais radicais, foram anos apenas para amadurecer a proposta e o próprio mercado consumidor. A empresa deixou Londrina por um período e retornou mais forte. Os últimos dois anos, mesmo com pandemia, foram de intenso crescimento. Os clientes negociaram mais de R$ 7 bilhões em negócios por meio da plataforma da Bart apenas em 2021. Um crescimento de 600% em relação a 2020. Como toda empresa em franco crescimento, não é possível comemorar por muito tempo. O desafio agora é ganhar escala e ampliar a clientela. Para tanto, precisam de investimento, como toda firma.

Mariana me disse que está em negociação com fundos de investimento de todo o país para alcançar os recursos que tanto necessita. Advogada com conhecimento técnico e experiência no setor, ela sabe qual caminho precisa percorrer, mas nem sempre isso acontece. Obter recursos para uma startup é bem diferente de uma empresa do setor tradicional. Enquanto esta vai no banco ou em entidades específicas de fomento subsidiadas pelo Governo, as startups geralmente recorrem a fundos criados especificamente com a finalidade de investir em propostas inovadoras. É o chamado Venture Capital, em bom português, capital de risco.

Ainda vou tratar em profundidade sobre esse tema, mas posso adiantar que existem muitos meios para chegar nesses investidores e obter os recursos. Como esses meandros são muito específicos, geralmente são desconhecidos pela grande maioria dos empreendedores. Não por acaso, Mariana defende uma preparação melhor dos gestores e membros de startups que precisam crescer e ganhar escala.

Ela está certa. E acrescento: é preciso também incentivar a criação de fundos robustos para determinados setores, como a inovação social, algo ainda inédito no Paraná ;)

Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.