O mercado está bastante aquecido para startups de Londrina e região. A Fortmobile, focada em soluções tecnológicas que simplifiquem a contabilidade de pequenas empresas do setor de serviços, recebeu investimento em transação de R$ 3 milhões do fundo de capital de risco (venture capital) Bowl Ventures.

Imagem ilustrativa da imagem Conexões que transformam startups em grandes empresas
| Foto: Lucas V. de Araujo

É a segunda vez que a Fortmobile estampa esta coluna. Em menos de seis meses, destacamos o potencial de crescimento da startup, criada por dois egressos da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Guilherme Bittencourt, no curso de Ciências Contábeis, e Fernando Rocha em Direito, em parceria com um egresso da PUC-PR campus Londrina também contador.

Tenho destacado nesta coluna a grande colaboração que egressos das universidades em Londrina, principalmente da UEL, têm trazido para o ecossistema da região Norte e de todo o Paraná. Eles estão liderando as melhores startups e desenvolvendo as tecnologias mais inovadoras. São pessoas que estão conseguindo vencer as barreiras do mercado a partir de conhecimento técnico, perseverança e apoio externo.

Guilherme, CEO da Fortmobile, fez mestrado em contabilidade, trabalhou na Incubadora da UEL, trabalhou com os pais no escritório de contabilidade da família. Fernando, sócio, além da graduação em Direito na UEL fez Engenharia de Produção na PUC-PR. Fernando trabalha mais diretamente no desenvolvimento de tecnologia, enquanto Guilherme e Diego nos aspectos contábeis.

As inovações mais radicais são aquelas que demandam anos de estudo e experiência profissional. Em decorrência disso são mais caras, logo, demandam mais investimento de base. Quem vem assumindo esse papel no Brasil são nodatamente as universidades, com destaque com as públicas, as quais ainda mantém, a duras penas, projetos de ensino, pesquisa e extensão.

O setor privado no Brasil tem contribuído com investimento nas startups naquilo que é chamado de early stage, ou estágio inicial em bom português, quando a empresa já tem clientes, mas precisa de recursos para ganhar escala e crescer. Penso que o setor privado deveria contribuir de outras formas, com investimento direto em pesquisa acadêmica, por exemplo, mas isso é assunto para novas colunas.

No ecossistema de Londrina e região a cadeia formada por universidades, poder público e setor privado vem rendendo bons frutos, como prova o exemplo da Fortmobile. No entanto, é preciso azeitar um pouco melhor essa engrenagem, sobretudo em aproximar propostas de inovação em estágio inicial, geralmente quando não há empresa constituída ou a tecnologia está em escala de laboratório, dos recursos tão necessários para gerar propostas inovadoras.

Tento fazer esse trabalho no meu ofício de professor universitário; divulgando boas iniciativas aqui nesta Folha; nas minhas pesquisas acadêmicas do pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP); ou ainda criando pontes entre a UEL, onde trabalho, e entidades públicas e privadas do Paraná e do Brasil.

É um trabalho formiguinha, diário e resiliente que já mostrou bons resultados e deve chegar ainda mais longe ;)

*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.