Quem me acompanha há mais tempo, deve ter notado minha preocupação de ampliar as discussões em torno da inovação para além das questões regionais. Desejo analisar como as políticas públicas estão se desenvolvendo e se os resultados estão sendo alcançados.

Hoje trago a primeira parte de uma esclarecedora entrevista com o diretor no Paraná do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Wilson Bley Lipski. O BRDE está se firmando cada vez como um dos mais importantes entes do nosso ecossistema.

Quais são os mecanismos de fomento à inovação e ao empreendedorismo que o BRDE realiza atualmente no estado do Paraná?

A estratégia do Banco voltada à inovação está centralizada em seu programa de desenvolvimento Mais Inovação é BRDE. A atuação do banco se dá em quatro eixos principais:

- Concessão de crédito para projetos de inovação de micros, pequenas, médias e grandes empresas, sendo, desde 2013, o maior repassador de recursos da FINEP;

- Subscrição em fundos de investimento, os quais possuem a finalidade de capitalizar empresas inovadoras. Atualmente, são R$ 47 milhões subscritos em 4 fundos diferentes;

- Fomento aos ambientes de inovação da região sul, por intermédio do Programa BRDE LABS, composto por projetos realizados em nível estadual. Acontece em ciclos anuais, com o intuito de apoiar nas conexões tecnológicas entre Governo, Startups, Academia e Empresas Participantes para gerar negócios (www.brdelabs.com.br);

- Parcerias institucionais para promoção dos ecossistemas de inovação regionais com entidades como Embrapii, Assespro e Acate; assinatura de termos de cooperação técnica com parques tecnológicos; e patrocínio a eventos de inovação, como por exemplo o South Summit e o Iguaçu Valley.

O crédito é um dos elementos determinantes para o sucesso de novas empresas, sobretudo aquelas em estágio nascente, desde as startups até micro e pequenas empresas. Os mecanismos de apoio que o banco oferece levam em conta as especificidades de cada segmento, como o fato de que os montantes variam e geralmente é muito difícil conceder garantias no ato da contratação do empréstimo?

O BRDE leva em conta as especificidades de cada segmento, do porte do solicitante e até de cada estado de sua região de atuação. Cada projeto é único e é avaliado caso a caso. Nossa política em termos de garantia é bastante diferenciada e flexível. Projetos financiados de até R$ 1 milhão (um milhão de reais), no caso de empresas de médio porte, e de até R$ 0,5 milhão (quinhentos mil reais), para micros e pequenas empresas, são dispensados de apresentação de garantia real imobiliária. Como alternativa, trabalhamos com fundos de aval garantidores, fianças, aplicações financeiras. E, para empresas que ainda não estão em estágio de maturidade para contrair financiamento, temos a alternativa de encaminhamento para análise dos fundos de investimentos em participação, nos quais o BRDE é cotista.

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(Semana que vem tem a segunda parte.)

*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).

Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.

@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)

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A opinião do colunista, não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.