“Nascemos para desenvolver sistemas e sites. Era só isso. Ao longo do tempo, paramos de desenvolver sistemas instalados e focamos nos sites. Percebemos que alguns clientes tinham necessidades específicas e nós procuramos atendê-los com ferramentas sob medida e hoje nos posicionamos como uma boutique de desenvolvimento de solução para web”.

Imagem ilustrativa da imagem Aprender com o futuro à medida que ele emerge
| Foto: Divulgação

Essa é a síntese da história de uma empresa londrinense que pode ser considerada “avó” de milhares de startups de todo o Brasil, já que tem 19 anos de história. Estamos falando da Clickweb, liderada pelo administrador de empresas Paulo Henrique Ferreira, ou PH como amigos o chamam.

PH confessa que não gosta muito da falar do passado. Como grande empreendedor da área de tecnologia, ele prefere olhar para o futuro. O breve histórico da Clickweb, porém, sintetiza como o mercado de digital no Brasil e no mundo se comportou neste século e ainda prediz um novo cenário.

Conhecedor das nuances da tecnologia, PH conduz sua empresa para uma tendência mundial em termos de internet: segmentação e personalização. A proposta é buscar soluções web para médias e grandes firmas a partir de suas próprias necessidades. E as diversas ferramentas gratuitas para geração de aplicativos e sites que existem no mercado? Não concorrem porque não suprem as carências dos atuais e dos potenciais clientes.

A estratégia da empresa londrinense tem grande chance de êxito. Ela remete a uma frase de Peter Senge, renomado professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), universidade de prestígio dos Estados Unidos. “O futuro será, inevitavelmente, muito diferente do passado, simplesmente porque as tendências predominantes que formaram o desenvolvimento industrial global não têm como ser mantidas”. Senge vaticinou isso no livro A Teoria U, do professor do MIT Otto Scharmer, para o qual devemos “aprender com o futuro à medida que ele emerge”, se quisermos gerar inovação.

Vimos na coluna anterior sobre que o mercado digital está em transformação porque, entre outras razões, os dados e informações pessoais estão cada vez mais restritos. Ao decidir atender necessidades específicas de médias e grandes empresas a partir de soluções personalizadas, a Clickweb coloca em prática as palavras de Senge e Scharmer. A empresa londrinense se posiciona, assim, como uma opção diferenciada em um mercado altamente concorrido e dominado por grandes corporações, que dificilmente atenderão as especificidades de determinadas empresas, pois dispõem de ferramentas padronizadas.

Importante salientar que a visão de PH embute forte dose de otimismo e ousadia, típicas das startups e empresas de tecnologia, mas que nem sempre fazem parte do rol de virtudes de companhias estabelecidas. Senge também disse: “aprender com o futuro envolve abraçar altos níveis de ambiguidade, incerteza e aceitação de falhas”, aspectos basilares da inovação e indispensáveis em períodos de transição.

Por mais que as condições políticas e econômicas não sejam favoráveis em certos momentos, precisamos aprender com o futuro à medida que ele emerge. O exemplo da Clickweb nos mostra um caminho.

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*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Inovação e Comunicação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Unipar e FAG. Parecerista internacional. Mentor: Founder Institute.

A opinião do colunista não representa, necessariamente, a da FOLHA.

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