Provocações juvenis

Por falar em Ato 5, uma provocação juvenil, dá para lembrar que o deputado-jornalista Marcio Moreira Alves, em 1968, fez um discurso sugerindo que as moçoilas na entrega das espadas e solenidades do gênero nas academias militares não dançassem com os jovens oficiais. A infantilidade foi respondida com um pedido de cassação do parlamentar que a Câmara não acatou: aí nasceu o celebrado Ato 5. Sobretudo falta de senso de humor.

O sarro foi replicado com violência institucional. Agora – e é claro que não dá para comparar um talento como o de Moreira Alves com a agressividade tosca de Eduardo Bolsonaro - mas a analogia procede já que naquele episódio como nesse sobra falta de humor. Temerário foi Marcito com algo que parecia vir da esquerda festiva, e pior ainda foi a pregação de agora, radical e grosseira, pleiteando o retorno do Ato como se pede, neste governo, a consideração de um torturador, enquadrado por seus atos, como herói nacional.

O presidente Jair desautorizou o filho em semelhante sandice, mas todos os três, mais o pai, agem nessa linha nas redes sociais sem que se procure contê-los, pois os que tentam fazê-lo acabam vistos como inimigos, traidores da pátria. Como se dava com as cenas que cercavam Hamlet, o príncipe atormentado, é de concluir-se que há muito método nessa loucura.

Manobras

O ministro Paulo Guedes está para lançar seu pacote salvacionista e a cada momento se conhece um dos capítulos dessa mediação. O de agora é abater R$ 220 bilhões da dívida pública com o dinheiro subutilizado ou parado em fundos. A ideia é captar essa grana diretamente ao abatimento da dívida pública. Essa, ainda em trajetória de alta, ultrapassou este ano R$ 4 trilhões, e o montante aludido equivaleria a 5%. O argumento mais forte é que verbas, destinadas a áreas específicas, estariam subutilizadas e com isso amarrando o orçamento. A medida vem no dia 5 junto com o pacto federativo e o desafogo de amarras orçamentárias.

Sufoco municipal

Pesquisa da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) apurou que 35% das cidades do país não contam com recursos próprios para atender sua estrutura administrativa e que 75% delas se encontram em situação adversa ou até explosiva na questão fiscal. Dentre as capitais a de Salvador (bom tempo atendida por Mauro Ricardo, hoje em São Paulo e que foi secretário de Beto Richa) aparece em primeiro no ranking, seguida de Rio Branco, Manaus, Fortaleza, Vitória e Curitiba em sexto.

Sarampo

No Paraná há 273 casos confirmados de sarampo, 42 deles somente na última semana. Em Londrina foi confirmado o quinto caso não autóctone, como três outros com o fato de terem contraído a doença em Maringá. Em Curitiba 199 mais 59 na região metropolitana.

Ainda o busão

A prefeitura de Londrina se empenha para obter o aval da Câmara Municipal em favor da prorrogação do contrato do transporte coletivo antes de ser consumada a licitação do serviço.

E há reação na Câmara da parte dos que desejam solução definitiva sem meia boca para um setor tão estratégico para a vida da cidade. Há receio de insegurança jurídica como no ano passado quando o Tribunal de Contas suspendeu o edital de concorrência a pedido da TCGL

Tudo incerto

Esperava-se para esses dias um informe do presidente da República sobre o navio causador do acidente que atingiu as praias do Nordeste. A última indicação é de que seria uma embarcação grega que estacionara para carga na Venezuela, conforme rastreamentos da Marinha. As coisas não estão claras conquanto se admita que esteja em redução, o que parece mais esperança do que um fato concreto. O pior é a constatação de que o governo não convocou os técnicos do Ibama especializados em óleo. O mais grave é o fato de que o setor de licenciamento ambiental tem know how em planos de emergência.

Menino perde

Estudo do Unicef e Instituto Claro indica que meninos têm 64% de chance maior de repetir o ano do que menina no Brasil: somente no ano passado 912 mil estudantes abandonaram a escola numa ciclópica evasão, 2,5 milhões foram reprovados. Há, para melhor dimensionar a tragédia, 2 milhões de crianças fora da escola, segundo o IBGE.

Cocaína

Cresce de ano para ano a apreensão de cocaína no porto de Paranaguá: ela saltou de 5 toneladas para 13, o que indica que não se tem uma dimensão exata do problema, já que tanta carga apanhada indica que vale a pena o risco por parte dos piratas e que por isso mesmo é incalculável a proporção dessa anomalia.

Folclore

É histórica a presença de Vila Lobos durante quase dois anos em Paranaguá e que foi lá em 1908 que ele fez a sua primeira apresentação no Teatro Santa Celina. Meu avô materno, Randolfo Veiga, deu-lhe atenção e o primeiro emprego. Aí fui olhar no programa do concerto e vi que um dos violinistas, Gustavo Milício, era avô de um genro e bisavô de um dos meus netos com nome igual.