A goleada do Londrina sobre a Ponte Preta no domingo foi providencial, mas virou um bem menor ante as cenas de barbárie que membros de torcidas organizadas dos dois clubes protagonizaram em plena avenida Henrique Mansano horas antes do jogo. Nem cabe aqui tentar entender as conexões que estabelecem as alianças e as rivalidades entre as organizadas país afora. Como explicar o ódio entre torcedores de Londrina e Ponte se os times nem rivais são? A questão é que os episódios de violência expõem o torcedor comum - aquele que prefere o time a uma torcida organizada - dentro e fora dos estádios.

Qualquer um que estivesse por ali poderia se ver envolvido involuntariamente numa rixa que não tem propósito. O atropelamento - seguido de fuga - de um torcedor ponte-pretano foi o ápice da selvageria. Até quando? Não é razoável rotular de criminosos todos que integram uma torcida organizada, mas passou da hora de haver um eficiente monitoramento dessas organizações por parte das forças de segurança. Não apenas para separar quem é joio, quem é trigo, mas para o bem do futebol.

REDENÇÃO

Tive "sorte" no domingo. Cheguei ao estádio no início do segundo tempo (sabe como é almoço de família...), de modo que não presenciei a briga entre as torcidas e ainda peguei o melhor do Londrina na partida contra a Ponte. A expulsão do jogador ponte-pretano abriu caminho para o Tubarão forçar as jogadas ofensivas e aí o domínio foi absoluto. O time se redimiu da derrota com um jogador a mais para o Atlético-GO que havia derrubado o Gallo na rodada anterior. A goleada por 3 a 0 veio num momento em que o grupo carecia de confiança. Edson Vieira, o treinador interino, teve como maior virtude fazer o feijão com arroz, com mudanças pontuais e necessárias, deixando o time jogar.

ESCOLINHA

E por falar no treinador interino, suas entrevistas coletivas têm sido uma atração à parte. Aliás, como as coletivas de alguns de seus colegas na Série A. As de Vanderlei Luxemburgo no Corinthians, por exemplo. Não bastasse o vocabulário peculiar, o "pofexô" tem abusado da prerrogativa de não entrar em detalhes técnicos e táticos das atuações de seu time e prefere sempre usar analogias arcaicas e o tom "eu sei o que tô fazendo" para talvez disfarçar o fato de que pegou um rojão na mão e não tem ideia de como desativá-lo.

Voltando ao Edson Vieira. Quando foi apresentado como substituto de Gallo, semana passada, ele falou claramente sobre o que via de errado no trabalho do antecessor e de como iria procurar mudar o ambiente no clube. Domingo, amparado pela goleada sobre a Ponte, o interino incorporou Fernando Diniz ao responder a uma pergunta do repórter Lucio Flávio Cruz, desta FOLHA e da rádio Paiquerê 91,7. O profissional da imprensa avaliou que mesmo sem ser tecnicamente brilhante o time tinha vencido bem e em seguida perguntou ao treinador como poderia usar o resultado para mudar o psicológico de seus jogadores nos jogos seguintes.

Vieira, que é daqui e gosta da resenha, se incomodou com o "sem ser tecnicamente brilhante" e devolveu a pergunta com ironia, perguntando seguidas vezes ao repórter para que time torcia, se Palmeiras ou Fluminense (será que ele esperava alguma confissão?). Na sequência, se recompôs e, dessa vez sem ranço, afirmou que a pergunta era "excelente". Quem disse que a vida de assessor de imprensa de clube é fácil? Haja "media training" para os "professores". Bom resto de semana.