A situação vivida pelo Londrina agora já se desenhava desde a parada para a Copa América. Enquanto os rivais se reforçavam com nomes interessantes, jogadores com currículo vitorioso e em plena forma, o Londrina se desfazia de seus principais titulares, negociados com o português Portimonense, clube administrado por ex-funcionários do empresário uruguaio Juan Figger. O Londrina, por sua vez, recorria a reforços de capacidade duvidosa. Chegaram ex-jogadores em atividade empresariados por parças, alguns mais gordos do que eu e, obviamente, tudo o que o então técnico Alemão havia construído – futebol bonito, vitórias, união do grupo – foi se perdendo, até que a culpa recaiu sobre o menor dos culpados: o treinador. O gestor Sérgio Malucelli trouxe o técnico Claudio Tencati com a desculpa de que conhecia o clube, o sistema SM de trabalho e para dar um “chacoalhão”, aquela balela de sempre quando se troca o treinador.

Foi a pá de cal. Junto com Tencati vieram mais uma barca de jogadores que não pegam colete na pelada aqui do jornal, alguns sem ritmo de jogo, outros sem a autocrítica de enxergar que estão na profissão errada e o resultado foi isso que estamos vendo. O Londrina virou o saco de pancadas da Série B. E quando um time entra nesta fase, sair é muito complicado, como bem frisou o gestor no sábado, após mais um fiasco da equipe, antes de dizer que faria a limpa no elenco depois do que havia presenciado em campo. A limpa se resumiu a dois reservas que não vinham jogando e um titular.

Malucelli assumiu a culpa pelo fiasco. Mas há mais culpados aí. Ele, claro, é o principal por ter permitido tudo isso que está aí em cima acontecesse, mas os três treinadores, que insistiam que o time era bom e que jogava bem mesmo quando passava um jogo quase inteiro sem chutar uma bola no gol, têm parcela de culpa e também a direção de futebol, encabeçada pelo executivo Ocimar Bolicenho, principal articulador da saída do técnico Alemão e que é responsável pelas contratações. Ele também precisa ser cobrado e muito. Agora, de resto, é rezar.

Selecinha

Por falar em autocrítica, alguém precisa trazer o Tite e sua comissão técnica para o mundo real. Se fosse em outras épocas, quando o torcedor realmente se interessava pela seleção brasileira, a pressão por sua saída estaria insustentável. Ele perdeu a noção da realidade. O time não mostra nenhum padrão tático, não tem uma jogada trabalhada, não agride o adversário, insiste nos mesmos jogadores, não faz testes com jovens que estão pedindo passagem, mas insiste que está tudo bem, que é uma maravilha o que seus comandados estão apresentando. Jorge Jesus é um técnico do segundo escalão europeu e, mesmo assim, está promovendo uma revolução no Brasil, mostrando como esta categoria de profissionais está atrasada por aqui. Claro que logo o nome do mister vai ser ventilado para o lugar de Tite. Mas, conhecendo o conservadorismo da CBF, alguém aí acredita que a seleção seria entregue a algum estrangeiro?