Aos mais novos que numa fatalidade acabaram sendo escolhidos pelo Londrina como torcedores – é que a gente nunca escolhe de quem gosta –, um alento: um rebaixamento não é o fim do mundo.

Poderia citar as quedas de grandes times no Brasileirão, mas o próprio Londrina já passou por isso em anos recentes, tanto no Paranaense (1998 e 2009) quanto na Série B (2004). E, para espanto dos que ainda acham que não há solução para todos os nossos males, o clube sobreviveu.

A história da humanidade e do futebol mostra que há vida após as catástrofes. O “segredo” nesses momentos é exercer a resiliência, que é aquela capacidade de renascer das cinzas.

A primeira coisa que o Tubarão deve fazer a partir de agora é aceitar o rebaixamento. Procurar brechas jurídicas para garantir a permanência na Série B via tapetão é trocar a dignidade pelo “jeitinho”. Tudo de que o clube não precisa nesse momento de reflexão é ficar com o rótulo de mau perdedor. O Fluminense sofre desse estigma até hoje e Deus me livre ganhar uma mácula semelhante.

Caímos, ponto. Por míseros dois pontos, mas caímos por nossos próprios deméritos. O momento exige sensatez e profissionalismo para planejar melhor a próxima temporada, sem emprestar meio time para disputar competições paralelas, como ocorreu no Paranaense deste ano, e ser mais criterioso nas reposições caso novos jogadores sejam negociados durante a competição - um dos pecados capitais na campanha na Série B.

O gestor tem contrato de mais um ano com o Londrina, e a despeito da fúria de parte da torcida contra ele, e de seu próprio histórico de confronto com todos aqueles que não lhe dizem amém, o cumprimento do acordo é necessário. Se vai renovar ou não depois disso, é outra história. O clube demorou demais para tentar se escorar sozinho.

INDIGNAÇÃO E HIPOCRISIA

Entendo de verdade a indignação de torcedores do Londrina com o rebaixamento. Cada um que tem um mínimo de interesse por esse clube deve saber, como na música do Caetano, a dor e a delícia de ser o que é. Duro é ouvir o lamento de quem só lembra que o Tubarão existe nos momentos extremos - de êxtase ou de fracasso. Boa semana.