As funções técnicas de auxiliar, assistente, analista e especialista são bem diferentes em termos de responsabilidades e habilidades requeridas. Por isso mesmo, quando o líder não compreende as fronteiras de cada um desses papéis, é comum que seus colaboradores apresentem baixo desempenho e ainda fiquem frustrados com o próprio trabalho.

O auxiliar é responsável por tarefas práticas e operacionais, como organizar materiais, arquivar documentos ou preparar o ambiente de uma reunião. Uma falha comum dos gestores é contratar auxiliares esperando que eles construam dashboards para tomada de decisão, como se fossem analistas. Essa expectativa irreal sobrecarrega e desmotiva quem, muitas vezes, ainda está em fase de aprendizado.

O assistente, por sua vez, é aquele que assume um papel técnico mais estruturado, sendo o suporte direto do líder em processos e pequenas decisões. Ele é quem organiza relatórios, acompanha rotinas e serve como elo entre a operação e a gestão. O erro frequente aqui é subutilizá-lo, tratando-o apenas como um “faz-tudo” que executa tarefas simples, ignorando seu potencial para assumir mais responsabilidades.

Já o analista transita em um território mais estratégico. Ele não apenas executa tarefas; ele as questiona, analisa dados e sugere melhorias. Um deslize típico dos gestores é não oferecer espaço para que o profissional realmente atue como um solucionador de problemas, deixando-o preso a tarefas operacionais ou sob microgestão.

Finalmente, o especialista é aquele que domina profundamente a sua área, servindo como a referência técnica que outros liderados consultam em momentos críticos. O erro de alguns chefes é colocá-lo para cumprir uma série de atividades que não têm nada a ver com o seu campo de especialização, impedindo que ele contribua de verdade com o negócio.

Resumindo, o auxiliar trabalha focado em atividades operacionais simples, o assistente geralmente é o braço direito do líder, o analista fica envolvido na análise e solução de problemas rotineiros e o especialista se dedica aos projetos estratégicos da área.

Se você tem a missão de ajudar esses profissionais a transitarem de papel, lembre-se:

- Para o auxiliar passar a assistente, ele precisa aprimorar as habilidades técnicas e aprender a lidar com tarefas mais difíceis e menos supervisionadas.

- Para o assistente atuar como analista, terá de desenvolver pensamento crítico, estando apto a resolver problemas técnicos por conta própria e ancorado em dados e insights.

- Para o analista passar a especialista, é importante que ele trabalhe boa parte do seu tempo em projetos complexos que exijam soluções avançadas e únicas.

O progresso em cada patamar de uma carreira técnica sempre vai depender de duas coisas: 1) o quanto a pessoa é capaz de suportar uma autonomia ainda maior; e 2) a sua habilidade e disposição em lidar com problemas ainda menos estruturados.

Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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