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Wellington Moreira - Consultoria Empresarial 5m de leitura

Os desafios do jeitão brasileiro nas empresas

O excesso de informalidade geralmente prejudica a produtividade e a qualidade da tomada de decisão

ATUALIZAÇÃO
16 de novembro de 2023

Wellington Moreira
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Os desafios do jeitão brasileiro nas empresas


Afeto, criatividade, flexibilidade, gentileza, irreverência, senso de comunhão e simplicidade são valores típicos da identidade cultural brasileira. Ou seja, parte do nosso jeitão de ser e, por isso mesmo, também presentes em boa parte das empresas daqui. O problema é que nem sempre de forma positiva.

 

A afetividade, por exemplo, ajuda a fortalecer os laços interpessoais nos escritórios e fábricas, criando um clima colaborativo e acolhedor. No entanto, também pode prejudicar a imparcialidade na hora de tomar decisões e estimular o favoritismo se não houver limites claros entre o pessoal e o profissional.

 

A criatividade impulsiona a inovação e o pensamento disruptivo, fomentando ideias originais e soluções “fora da caixa” para os desafios que a empresa enfrenta. Em contrapartida, a falta de um mínimo de estrutura e planejamento pode resultar em uma execução caótica e desconectada da estratégia.

 

Se a flexibilidade facilita a rápida adaptação a diferentes contextos de mercado e a pronta resposta a mudanças repentinas, também é verdade que a ausência de processos maduros costuma prejudicar a eficiência operacional e a consistência nos resultados.

 

Gentileza e hospitalidade promovem um ambiente de trabalho caloroso e amigável sim. Contudo, esses mesmos valores podem manter na penumbra conflitos que impedem a abordagem direta de questões delicadas, prejudicando a resolução dos problemas e a construção de relacionamentos saudáveis.

 

A irreverência e o senso de comunhão, tão marcantes em nossa cultura, contribuem para um clima de trabalho descontraído e colaborativo. Só que o excesso de informalidade geralmente prejudica a produtividade e a qualidade da tomada de decisão.

 

A simplicidade do brasileiro facilita uma abordagem descomplicada para resolver problemas cotidianos que dificilmente encontramos em outro país. O outro lado da história é que a ênfase na “simplificação” quase sempre subestima a importância do planejamento estratégico e da análise em profundidade.

 

Em síntese, compreender e gerir os traços culturais no ambiente corporativo é essencial para garantir um equilíbrio entre a preservação do nosso jeito típico de ser e a implementação de práticas de gestão que contornam as limitações apresentadas pelo seu "lado sombra".

 

Como uma dança complexa, é preciso harmonizar a calorosa gentileza com a clareza nas decisões e transformar a irreverência em inovação sem perder a eficiência. Abraçar a simplicidade sem subestimar a importância da análise estratégica. Lidar com os desafios que surgem quando a informalidade e a espontaneidade confrontam com a busca por uma gestão empresarial sólida.

 

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial




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