O preço da covardia na liderança
Quando o medo de se posicionar custa mais do que o conflito que se evitou
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 02 de julho de 2025
Quando o medo de se posicionar custa mais do que o conflito que se evitou
Wellington Moreira

Coragem é a principal virtude que um líder pode cultivar. Porém, no mundo real das empresas, o que não falta é gente que se omite, que se esconde atrás do e-mail, que adia decisões difíceis ou que simplesmente finge que não vê o problema para evitar conflito. E isso tem outro nome: covardia.
Quando um líder deixa de dar um feedback necessário, por medo da reação do colaborador, isso é covardia. Quando ele ignora atitudes tóxicas de um funcionário que entrega resultado, mas destrói o clima organizacional, isso é covardia. Quando não enfrenta conversas duras com seus pares ou o superior direto, isso também é covardia.
Segundo uma pesquisa global da consultoria Zenger/Folkman, 43% dos colaboradores dizem que o que mais mina sua confiança nos líderes é justamente a falta de coragem para lidar com questões difíceis que exigem um claro posicionamento e firmeza para bancar a decisão tomada.
Não é raro encontrarmos líderes que, diante de uma decisão impopular, escolhem se esquivar, dizendo que a escolha “veio de cima” ou que “não puderam fazer nada”. Isto é, gente que esquece que seu papel às vezes implica lidar com a cara feia de alguns e segurar a barra que vem junto.
Outro exemplo comum é o do líder que terceiriza suas responsabilidades na hora em que as coisas dão errado, jogando os fracassos no colo da equipe em vez de assumir seus erros. O tipo de atitude que, além de desleal, é profundamente desmotivadora.
Também é covarde o líder que se cala diante de injustiças. Sabe que há assédio, sabe que há racismo velado, machismo, desigualdade – mas prefere não se envolver. Muitas vezes diz que “não é problema dele” ou que “não quer comprar essa briga”. Pois deveria. Uma liderança que se omite diante do que é claramente errado, não é neutra: é conivente.
Portanto, coragem, aqui, não tem nada a ver com ser agressivo ou autoritário. Trata-se de ter firmeza de caráter, disposição para conversar o que precisa ser conversado, e atitude para fazer o que é certo mesmo que isso custe algum desconforto. É bancar decisões, defender seu ponto de vista e, principalmente, se responsabilizar pelas consequências.
Toda empresa precisa de líderes mais corajosos — e menos diplomáticos ao extremo. O medo da rejeição, o receio do desgaste e a busca constante por aceitação têm minado o potencial de muitos gestores. Afinal, liderar é, no fundo, escolher o caminho certo mesmo quando ele não é o mais fácil.
A liderança covarde protege o próprio conforto. A liderança corajosa protege a cultura da empresa, o bem-estar das pessoas e o futuro do negócio. Como ensina a escritora Brené Brown: “O líder corajoso nunca silencia sobre as coisas que importam”.
Pense nisso!
Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

