No mundo empresarial, o difícil equilíbrio entre agarrar oportunidades e manter o foco naquilo que já foi planejado muitas vezes tem uma explicação: o Fear of Missing Out (FOMO), ou medo de ficar de fora. O fenômeno psicológico que impulsiona pessoas a aderirem a ideias ou tendências simplesmente para não “perder o bonde”.

Para quem ocupa papéis de gestão, o FOMO costuma ser um dos principais causadores de decisões apressadas, investimentos em modas passageiras e demais iniciativas para se manter à frente da concorrência que, tempos depois, se revelam um completo desastre.

Em um cenário onde o tempo e os recursos são valiosos, é crucial que os líderes desenvolvam uma mentalidade empresarial que equalize a disposição para abraçar o novo com a sabedoria de reconhecer o que é relevante de verdade para o sucesso a longo prazo. Afinal, às vezes, perder uma oportunidade agora pode significar ganhar em foco e eficiência.

Alguns exemplos comuns desse fenômeno nas organizações são:

1) Adesão a uma nova metodologia de trabalho só porque está na moda, sem avaliar como ela se alinha aos seus objetivos estratégicos e cultura organizacional. O insucesso de metodologias ágeis como OKR, SCRUM ou Lean em companhias bem-intencionadas é um exemplo disso.

2) Presença em todas as redes sociais. A companhia decide ingressar em qualquer plataforma que vire febre sem analisar que o seu público-alvo está mais concentrado em uma específica e já consolidada, como o LinkedIn ou o Instagram.

3) Investimento em feiras e eventos inúteis. Ao longo de anos, a empresa dirige muito dinheiro para exposições que geram pouquíssimos negócios só porque teme dar espaço para a concorrência e ninguém toca no assunto.

4) Lançamento prematuro de produtos. A empresa oferta uma nova solução ao mercado para não perder a onda de uma forte tendência, porém sem que o produto já esteja totalmente desenvolvido e a recepção negativa dos clientes arranha a reputação da companhia.

Portanto, o FOMO no mundo empresarial tem a ver com sermos capazes de discernir entre o que é uma verdadeira oportunidade de crescimento e o que é apenas o brilho temporário de uma novidade.

A agenda de um grande líder jamais é orientada pelo medo de perder algo que outros estão aproveitando. Não é porque muita gente foi assistir Barbie que você também deve ir ao cinema perder seu tempo (comprovando que o filme realmente é péssimo).

E o mesmo vale para livros, cursos, ideias, metodologias e ferramentas que, apesar de defendidas por muita gente, não servem para a sua companhia.

Pense nisso!

* Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial

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